QUE ME DIZ A VELHICE - (Primeira parte)

QUE ME DIZ A VELHICE - (Primeira parte)

Numa maratona empreendi, desde que tomei posse da minha idade-razão de existir, percorri um caminho de muitas perguntas, procurando respostas para todas elas. Quando parecia andar somente perguntando, pude aprender que estava liberado para esta vida peregrina, porém, antes questionar o que estava além das possibilidades meramente racionais, no transcendente, havia estabelecido meus limites. Assim, o que a razão não me dava como resposta, sabia que não passava de meras especulações e dúvidas vãs. Li sobre a sabedoria de Salomão, que foi apontado como sendo o mais sábio da terra, o que para ele, ao final, a resposta, que tudo isso era vaidade e correr atrás do vento – dizia ainda ele, o muito saber, enfado trás. O que a velhice me diz, das oportunidades que perdi, das escolhas que me nortearam a vida vã, para que ao final pudesse encontrar o que era tão somente normal: trabalhar - por uma questão de sobrevivência, vez que a vida empunhava a que entendesse que era “do suor do meu rosto” o meio de conseguir o pão de cada dia; se por melhor espaço na sociedade constituída, era preciso estudar, simplesmente para pleitear um espaço, a ela me submeter através do aprendizado alcançado. Jamais podia pensar que de todo mérito alcançado, podia agradar alguns e bem assim, também desagradar outros – era como se estivesse tomado o espaço de alguém. Nisso, surgia também o ego, tendo se tornado em comparativo para ser capaz de ir cada vez mais longe, talvez por não entender ou por não aceitar a mediocridade, orgulho, quem sabe. Em parte, foi muito bom, afinal, sabia que ficar olhando pela janela o sucesso do vizinho, não me rendia nada. Se por desígnio daquele que me criou e de onde eu vim, não era difícil compreender o indivíduo que era, ou seja, se nascido com as pernas tortas, se bonito ou feito, sábio ou estúpido, capaz ou incapaz. Porém, sabido que esse era o eu existente. Não acreditava que o mundo era feito somente para os outros, e que gente igual a mim ocupava lugares tão alto, o que eu podia apenas admirá-los, sem, porém, pensar ou desejar ser igual a eles. É verdade que, parte do que a vida me impôs, em alguns momentos era difícil compreender, talvez perguntar: porque não eu? Naquele suposto lugar ocupado pelo “outro”. Isso não me pareceu interessante, meus limites continuavam se estabelecendo, me ajudando a compreender, onde os espaços me eram possíveis. Logo, bem mais prazeroso era aplaudir aqueles que se destacavam nos lugares ocupados na sociedade. A velhice me diz ter encontrado o caminho certo, pois que do bem maior, na família aprendi que as joias finas antes de brilhar, precisam ser trabalhadas. Logo, se tão cedo havia perdido a mãe, certamente que tive algum prejuízo, ou melhor, deixado de ganhar o carinho tão necessário a uma criança. Contudo, aprendi que, quando nascemos estamos tanto para a vida quanto para a morte, coisa normal e corriqueira. Na figura do pai consanguíneo, o aprendizado de como suportar as intempéries da vida, e, como se tornar um vencedor. Pude ver na dificuldade e na pobreza o primeiro sinal de despertamento para sonhar com os impossíveis de ser alcançado, nada dramático, por às vezes comer carne somente aos domingos. Desta forma, conquistar os sonhos era o grande desafio, posso dizer que a seu tempo, cada degrau foi sendo alcançado. Talvez alguém pergunte: é fácil ganhar dinheiro? Sim! É somente trabalhar. Estudar muito, que vantagens traz? Às vezes, pode melhorar as finanças, mas nem sempre. Até breve!