O JOGO QUE MILHÕES PERDERAM

O JOGO QUE MILHÕES PERDERAM

O jogo foi interrompido, o árbitro deixou o campo, com quem ficou a bola? Os jogadores queriam o jogo. Inconformados, começaram a brigar entre si. Da arquibancada surgiram os que comiam pão com salame e se infiltraram no campo incrementando uma grande batalha. Atacaram os poderes numa grande destruição, misturados, ninguém sabia quem era o amigo ou o inimigo. Ninguém sabia com quem havia ficado a bola. Mesmo com toda a confusão, os jogadores com suas camisas verde e amarelo, desejosos de que o jogo continuasse, confiaram em que o juiz retornasse para garantir a continuidade do jogo (FA). Qual nada! Segurou a bola até que toda a confusão terminasse – gente arranhada por um lado, outros pisoteados, alguns sangrando, ainda uma multidão levando pancada. Aos gritos de “socorro (FA), parecia que ninguém ouvia nada, quando de repente os auxiliares do juiz entraram na briga, totalmente esquecidos de que lado estavam na condução do jogo até então. Afinal de contas, quase noventa dias, sacudindo as bandeiras, protegendo os ajuntamentos das torcidas organizadas, diga-se: ordeiramente, solidariamente – cada um dividindo do seu pão, bebendo de sua água. Lindos quadros de fraternidade, liberdade e igualdade. Eu disse: igualdade, fraternidade e liberdade? Uai! Onde estavam os defensores desse tripé a tanto conhecido e aplaudido por sua nobreza e honra por defender esses princípios mais sagrados da humanidade? Que pena! Eram apenas sombras de uma filosofia vã, cujos interesses são comprovados por sua própria história – cada vez mais especulativo e menos ativo, muita coisa do que já foi bom para o povo brasileiro, se perdeu pelo caminho. Enquanto isso, dos 65 milhões, alguns milhares que foram confundidos propositadamente continuam presos – pedindo dinheiro emprestado para contratar um advogado em sua defesa, o que aliás, pelo regime implantado, advogado também não funciona – argumentar o quê? O que está na Constituição? Mas quê constituição? Apelar para a Fifa? Digo, a FA, o que ainda não se sabe sequer se continuará existindo. Que jogo confuso! Mesmo com a longa e desesperada espera, a grama já secou... Eu disse “grana?”, mas é verdade que a “grana” também está secando, o povo já saqueado uma vez, volta a sentir que nem moedas ficaram, mal o cofre começava a se organizar, apareceu um cidadão, sei lá se cidadão, um dão qualquer, a limpeza já começou – cinco milhões para que alguém faça arte; mais alguns milhões disfarçados para desconhecida gráfica... Dessas coisas nem se precisa dizer nada, tudo vem sendo feita na cara lavada. Até ia me esquecendo do jogo. Como é que está o placar? 65 milhões continuam perdendo, enquanto isso os poderes começaram a discutir de quem foi a responsabilidade da interrupção do jogo. Meus amigos, aqui em Brasília onde é a sede de toda a maracutaia, não está nada fácil, todos com muita cautela. Tanto para as raposas velhas cujos longos rabos não lhes permitem fazer festa, e bem assim, os cautelosos iniciantes – ameaçados até mesmo antes de entrar no jogo da república das “excelências”, está difícil dizer que haverá alguma saída para os pobres jogadores da liberdade. As arquibancadas continuam vazias, apodrecendo no tempo, a grama seca, as traves ainda estão lá, ou seja, os entraves são estão lá, ainda não se sabe como, quando, ou se vai ter uma solução. O que muitos não esperavam é que, apenas os 65 milhões perderiam o jogo. Pois é, perdemos todos nós, ou seja, 214,3 milhões de joelhos ante os poderes da República. Esperemos pelo apito.