O galo

É só parar um pouquinho, puxar pela memória, e lá vem um caso de família engraçado... toda família tem!

Esse aconteceu às vésperas de um Natal, se me lembro bem. Venho de uma família simples, e que passou por momentos difíceis. Moramos muitos anos em um apartamento, depois construimos uma casa que fica em uma pequena subida e mudamos. Não tenho vergonha de dizer, eu e meus irmãos, conhecemos de perto uma galinha, já éramos crescidos. Meus pais fizeram então um galinheiro; colocaram meia dúzia de galinhas vermelhas, um galo vermelho, e também um galo preto, grande. Eu e meus irmãos, logo batizamos a galinhada. Elas, as galinhas, não tinham nomes, eram iguaizinhas, ficaria difícil reconhecer. O Lindonor, o galo vermelho era dócil e o Astrogildo, o preto, muito bravo! Já imaginaram qual seria o destino do briguento... Pois bem, nessa véspera de Natal, minha mãe decidiu que comeríamos o Astrogildo na ceia. Acontece que a carne de galo é bem dura, de difícil cozimento. Ensinaram a ela, dar cachaça para o galo antes de preparar, isso deixaria a carne macia. Assim ela fez, comprou cachaça e deu goela abaixo do bicho.

Já fazia os preparativos, quando na rua debaixo, começou uma briga, muita confusão mesmo! Muitos gritos, correria... Corremos, então para a janela para ver o que era.

O tempo passou, esquecemos do galo. Muito tempo depois, quando ela voltou, lá estava o Astrogildo, totalmente embriagado...de pé, mas com a cabeça no chão!

Já imaginaram a cena, rimos durante muito tempo, e até hoje nos lembramos...

(detalhe: a cachaça funciona mesmo)