Não gosto de sonhar.

Digo, sonhar dormindo, que seja bem entendido.

Nem sempre sonho quando durmo, ou talvez, nem sempre eu me lembro de ter sonhado.

Já tive pesadelos, porém, quando sonho dormindo, pesadelos são raros.

Entendo como pesadelos sonhos ruins, assustadores, claustrofóbicos e agoniantes.

Meus sonhos são apenas estranhos, esquisitos e desconfortantes.

Dizem que sonhos não são para serem "entendidos'', porém, interpretados.

Daí nós temos Freud que nos diz que a interpretação do sonho não é aquilo que lembramos, e sim o que está implícito por trás, e que são o resultado de todos os nossos desejos reprimidos e traumas.

E vem Jung dizendo que os sonhos são resultados do inconsciente coletivo que diz respeito a nossa cultura e ancestralidade e que tem função compensatória para equilibrar os maus momentos. A grosso modo acho que é isto.

Nunca me aprofundei muito em nenhum deles, mesmo porque, ninguém sabe nada de nada a respeito dos sonhos, haja visto que temos também interpretações espirituais e tantas outras, dependendo da religião ou da filosofia de vida.

Será que meus sonhos me trazem alguma mensagem, assim descoordenados, aloprados e caóticos? Será que minha cabeça está mais enlouquecida do que imagino? Eu só gostaria de ter sonhos bonitos, calmos, paradisíacos e confortáveis que me fizessem despertar leve, satisfeita e sonhando acordada.

Sonhar acordada faz bem para a saúde, principalmente mental. Sonhar, planejar e sair atrás do sonho, nem que seja para agarrá-lo à unha.

Lembro de uns poucos que me foram mais marcantes, de resto eu os esqueço logo depois de acordar. São todos tão sem pé nem cabeça que a memória joga pra lá e apaga, vez ou outra fica aquela sensação de estranheza e alguns fragmentos soltos que perduram por algumas horas e fico sem entender do porquê sermos tão cordatos e conformistas durante esses passeios oníricos absurdos, onde achamos tudo normal e natural, não questionamos aquele estados de coisas que se nos apresenta nem levantamos dúvidas sobre os acontecimentos estabelecidos em condições as mais diversas possíveis dos quais acordo, muitas vezes, indignada. Apenas vivemos aquilo como se fosse verdade, como se fosse real, sem controle algum sobre os acontecimentos, no entanto, na realidade a gente se comportaria de outro modo, buscaria outras soluções, tomaria atitudes mais lógicas e condizentes com a circunstância.

Tenho a impressão que meu cérebro é um cineasta louco, sem compromisso algum com a vida real, acho até que somos parentes, eu e Tim Burton.

Não gosto de me sentir em contextos onde eu não tenho nenhum poder de decisão.

De sentir-me vivendo situações sem sentido, fazendo coisas sem mais quê nem porquê, tomando atitudes exdrúxulas e ilógicas e ainda assim, sem ter o controle sobre elas nem sobre mim mesma.

O onírico me perturba e às vezes, quando lá estou, só quero despertar logo para sair daquele estado absurdo e voltar a ter o domínio de mim mesma.

 

 

 

 

 

Roseli Schutel
Enviado por Roseli Schutel em 02/12/2022
Reeditado em 11/01/2023
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