Vixe, minha santinha habladora!...

( Aqui prometo doar três textos meus a quem ler este até o final,

e sinceramente não gostar... )

Parece que foi ontem ainda que estive a reler o romance "Onze Minutos" de Paulo Coelho, onde a jovem prostituta Maria "enrolava" os seus "clientes", contando-lhes e recontando entre lágrimas a sua triste história de vida no Nordeste brasileiro, antes de "ser embarcada" para o priimeiro mundo... Quando isso fazia com alguma sinceridade de alma e coração, mas também no intuito de fazer com que o tempo dos seus inúmeros "programas" diários naqueles quartinhos de hotéis nemtãoassimbaratos ( pois na Suíça...) se esgotasse rapidamente. Aliás, e muitas vezes mesmo vindo a se resumir no pequeno esforço de tomar a ducha final na frente do cliente, que isso fazia parte do "acerto moral" entre ela e os seus "empresários sexuais", o que além de medida sanitária, constituía-se numa excelente maneira de gerar confiança na "clientela"...

Pois bem, isto tudo, e eu lhes afirmo que nem relembrei para fazer propaganda gratuita do grande escritor Paulo Coelho, mas para relembrar e até reafirmar aquilo que vivo falando aqui pelo Facebook, sobre a minha terrível PROLIXIDADE... Não vale aqui alguém querer me julgar pelo meu passado remoto, mas a verdade é que esta minha prolixidade, ela nasceu beeeeem antes desse livro ser publicado....

Quando então, láááááá pelo meus vinte e um aninhos, cheio de vigor físico - Cabo do Exército, depois Sargento da Polícia Militar, etc, etc... E eu tinha uma estranha mania de ficar tagarelando com a minha "companheira de pulgueiro" que era assim que ficaram conhecidos aqueles minúsculos quartinhos de programa da época, no centro de Paranavaí... E, sei lá por que isso assim me acontecia quase sempre, mas logo eu entrava num assunto qualquer, e ali ia me aprofundando, me aprofundando, me aprofundando... E a companheirinha - ou companheirona, a maior parte das vezes... Coitadas, além de não entenderem patavinas daquilo que eu tanto lhes falava - feito algumas pessoas aqui do Face e lá dos meus Blogs... - as comerciantezinhas de corpos e almas chegavam a se enervarem de tanta ansiedade para "entregar o produto" e correr para outro mané, digo, cliente...

E eu ali falando, falando, falando... Até que ouvia as mal-educadas pancadas naquelas paredes de madeira, paredes beeeeem mais finas que mortadela em sanduíche de operário de fábrica, aquilo que até então eu não conhecia, mas que muitos e muitos anos mais tarde comprovaria esfomeadamente durante minhas oleosas e sacrificantes madrugadas metalúrgicas... Era o "apito final" de mais um "programa" que ficara nas preliminares das minhas conversinhas fiadas...

Epa, epa, epa, pois não há de ver que ali pelo quartel diziam porque diziam (como será que os meus companheiros de farda chegavam a saber de minhas conversas de prostíbulo...), que aquelas minhas "conversinhas" eram até bastante inteligíveis e pessoalmente proveitosas para as dedicadas "profissas" da vida nada fácil?...

Mas nada ali era fiado, isso não, pois não escorregasse DEIZÃO pelo quartinho e mais VINTÃO para a "companheirinha de instante", só pra ver a cobra piar "de verdade"... E alguém acreditaria se eu contasse que ainda assim, realmente, algumas delas vieram a se apaixonar por mim? Sei lá se era por mim mesmo, ou se era porque acabavam gostando das minha histórias... ...Ou até mesmo pelo dinheirinho fácil que ganhavam comigo.

O que sei, realmente isso eu bem sei, é que aquela fase passou rápido demais na minha vida... ...E que um Sargento de Polícia ganhava muito bem naqueles bons tempos. Ah, disso tudo eu ainda bem, muito bem me alembro, como se fora ontem ainda que tudo aconteceu...

Ah, ( eita, mais um ah de admiração pela minha própria história... ) e aqui me cabe dizer que além de um entusiasmado sargenteante de Companhia de Polícia ali na Terra da Laranja, eu era então um boa-pinta e solteiríssimo guapo, naquela minha época de ouro, onde pela primeira vez comi e me lambuzei com chuleta e vinho "tipo" Caxias do sul e, por conseguinte, eu então já era assim como nestes meus dias atuais, pra lá de inteligente e BURRO ao mesmo tempo...

Pois não é bem verdade que nessa mesma época cheguei ao cúmulo da burrice, ao recusar um oferecimento de casamento imediato, por parte de uma lindíssima coleguinha de faculdade, quando ali, nas minhas horas de folga do quartel, eu "fazia que fazia" o Curso de Ciências e Letras, assim me parece, na faculdade local? Dolorido mesmo é relembrar que ela, aquela belíssima e quase proibitiva "laranjinha tipo exportação", era filha única de um abastadíssimo senhor feudal, conhecido na região noroeste como o maior colecionador de fazendas de gado e de laranjais, destinados a produção e exportação de sucos longa vida.

Hoje, meio século depois, reconheço que fui burro em recusar tal vantajosa oferta de casório e sair dali correndo para a Escola de Oficiais.

Armeniz Müller.

Um baita dium poetinha lapeano recordando "vidas passadas"...

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(Edição final).