Fernando e Marília

Aquela era uma noite normal para o casal Fernando e Marília. Fernando era advogado, e tivera um dia cheio de problemas. Marília, professora, mulher linda e sempre romântica. Apesar de cansados, o sono parecia não querer chegar, e como não conseguissem domrmir puseram-se a conversar, lembrando os dias de namoro, de como tudo começou e foi tão bom.

Marília pergunta: amor, você lembra que eu nem te conhecia direito e já fui perguntando se podias ir me ver lá em casa?

_ Lembro sim, sua danadinha. A gente tinha se conhecido há dois dias lá na praça do centro da cidade. Acho que foi amor a primeira vista.

_Se amor não sei, mas que fiquei apaixonada quando te vi, isso é verdade, meu neném.

_Sua bobona. Vamos dormir, que tô cansado.

_Não vi você cansado quando a gente era só namorado.

_Tá insinuando o quê? Eu nem trabalhava naquele tempo. Vivia só pra namorar. Eu era um garoto desocupado, hoje um homem cheio de compromisso. _ Sei... e seu maior compromisso sou eu. Né?

_Quem te disso isso, convencida?

_Você ainda me ama?

_Por que a pergunta? Você tem cada coisa. Ainda és a mesma criança.

_E daí? É gostoso ser tua bebê. Pena que hoje você não tem mais tanto afeto por mim.

_Deixa disso, dramática! Lógico que gosto de você!

_Mas ama?

_Claro!

_Prova.

_Estou aqui para dormir juntinho com você. Isso é uma prova. Estou ouvindo seus lamentos sem reclamar.

_Ah... só isso? Eu queria mais amor.

_Como assim? Eu não sou suficiente pra você?

_Tira essa mão daí, seu chato! Quero dormir, agora. Tô com sono.

_Lembra que você ficava tocando meus dedos o tempo todo?

_Não! Não lembro de mais nada.

_Fingida! Lembra quando pela primeira vez peguei em...

_Para! Seu muleque.

_Muleque?! Eu hoje sou homem, sabia?

_Quem disse pra você que você é homem?

_Não me toca! Deixe quieto! Você me chamou de muleque, e você não quer namorar um muleque.

_Quem te disse? Eu adoro muleque.

_A é?! Adora muleque?

_Vem cá, deixa eu brincar com meu muleque.

_Vamos dormir, amor. Para de frescura, por favor! Deixa te dar um beijinho...

_Só isso?

_Quer não, então? Então toma...

_Não morde! Você não sabe brincar.

_Pronto! Agora podemos dormir.

_Sim.

_Sai de cima de mim, criança!

_Não. Não vou deixar você dormir. Só dorme quando me der amor, muito amor.

_Você não se cansa?

_De você, não.

_Então tá, vamos fazer...

_Fazer o quê?

_Fazer... assistir a um filme, só isso. Vamos? Liga a TV.

_Não quero filme. Quero você.

_De novo?

_De novo o quê?

_Apaga a luz, sua chatinha. E vem logo.

_Meu cheiroso.

_É aquele perfume que você me deu.

_Eu sei. E você coloca perfume até aqui?

_E não pode?

_Deve. Você sabe que adoro a sua barriga... meu gordinho.

_E o meu beijo... o que você ainda sente?

_A mesma coisa.

_Que coisa?

_Frio na barriga.

_Tá com frio? Posso te aquecer.

_Então vem, meu sol, perturba a minha noite.

_De poeta você não tem nada. Mas que eu te quero mais que tudo, isso é verdade.

_,...Tá cansado ainda, amor?

_Não, Marília. Só exausto mesmo.

_Você nem tava cansado. Se tivesse...

_,... Já são três da manhã. Que noite mais doida!

_Foi mesmo. Igual na primeira vez.

_Sua chorona.

_,...Dormiu, Marília? Brinca que dorme, nem parece que já tem 35 anos.

Pires Teixeira
Enviado por Pires Teixeira em 29/09/2022
Reeditado em 29/09/2022
Código do texto: T7616792
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