O DILEMA DE MALENA CAP VIII

O DILEMA DE MALENA CAP VIII

A Julia viera para Fortaleza onde o marido trabalhava, o Armando havia ficado em Aracati e ela já estava no Rio. Armando, depois da morte do pai, comprou uma casa pequena em Aracati, bem próxima à casa grande que pertencia à família, e onde seu pai terminou seus dias, orgulhosa e solitariamente depois da morte da sua mãe. Sansão, como tinha amor ao sítio do avô, propôs que aquela parte lhe coubesse. E lá estava ele cuidando do que era seu por direito, mas ficasse o povo linguarudo sabendo que não era qualquer um que tomava de conta de um lugar como aquele e sobrevivia como ele à custa do que produzia.

Julia, sua irmã mais velha, casara-se cedo com o Albano, que tinha sido professor e por concurso passara a ser caixa de banco e por isso foi transferido para a capital. Sua mana mais velha era mulher prática, de pouco riso e sofrida por ter pegado a parte mais pesada das bebedeiras do velho Rodolfo. Infelizmente depois de quinze anos de casada falecera inesperadamente, uma dor de cabeça muito forte sem mais nem menos lhe acometera, iminente internação, um derrame, isquemia fatal. E Malena pensava em seus sobrinhos, os filhos da finada Julia. Só mantinha algum contato com a Liduína que estava em Fortaleza e também era mãe de duas meninas. Os seus outros sobrinhos filhos da sua irmã, tinham suas vidas isoladas e viviam na correria do dia a dia, tal qual seus filhos ali no Rio. Ninguém podia contar com aqueles sobrinhos para uma caridade, entendia, eles eram atarefados, nenhum possuía curso superior, eram trabalhadores de nível médio, vivendo do comércio, representantes de vendas, e um que era até metido com banda de forró.

Era, a família de Rodolfo Sierra Vat, o pai de Malena, se resumia a ele, já falecido e a mais um irmão por nome de Rufino Sierra Vat apelidado de ruivo, que fora grande bebedor, e muito chato falador sempre, diferente do Sansão que só falava muito quando bebia. A família de sua mãe era maior pois ela tivera uma irmã e dois irmãos, mas estes já eram falecidos. Então só restavam a Malena os dois tios, Rufino, irmão do seu pai, que estava com Alzheimer e internado num asilo da Parangaba, e Maria Lucia, a lúcida irmã da sua mãe com 91 anos, que residia na velha casa que fora do seu avô materno na capital. Esta sua tia era grande mulher de oração, mas quando moça foi noiva, teve um namorado e fez planos de se casar. Seu noivo, infelizmente teve inesperado fim ainda moço, por ter ido tentar a sorte no Amazonas e por lá falecido, vítima da malária.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 30/05/2022
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