NÃO FOSSE A MÃE...

NÃO FOSSE A MÃE...

Que seria do “pai herói”, a figura do homem forte, provedor, corajoso e destemido aos olhos dos filhos, não fosse a mãe, aquela que no seu dia a dia, sendo a única que consegue ver tudo o que acontece em sua casa. Acorda cedo, preocupada com o café à mesa, enquanto olha as roupinhas dos filhos para a escola – dentes escovados? Cabelos penteados? Não se esqueçam da merenda! Despede-se de seus filhos, enquanto o pai se dirige até o carro, já esquecido daquele beijo de despedida, apenas diz: tchau querida! Tão logo, fechada a porta, lá vai ela até a cesta de roupas, separando as peças que vão para a máquina de lavar, daquelas que vão ter que ser lavadas na munheca. Corre para a mesa, esparrama o feijão, catando grão por grão, põe para cozinhar, e daí pega o espanador, aspirador de pó, rodo e pano de chão, esfrega aqui e ali... Não fosse a mãe, quanto trabalho ficaria sem ser feito. Essa é a mãe, cuidadora, ajudadora, mãe de verdade, que não troca a sua função de mãe, senhora dona de casa – quer ver tudo bem arrumadinho em todos os dias, parece que não se cansa. Há! Tão logo as crianças chegam da escola, confere tudo bem direitinho, com prazer, abraça e beija os filhos um por um. Como foi o dia na escola? A pergunta de sempre, e cada um conta a sua história. Ela sai catando tênis pelo chão, roupas para todo lado... “direto para o banho! É a ordem”, o barulho das intrigas de irmãos logo começa, e ela apazígua tudo, e tão logo a mesa está posta para o lanche. Um pouco mais tarde chega o maridão, que na maioria das vezes chega animado, se desculpando pelo dia difícil, sapatos para o lado, meias pelo chão. Ela, gentilmente sai catando tudo, dá uma paradinha rápida, senta ao lado do marido, e logo parte para a próxima tarefa, vê o sol se pôr, se apressa para o banho... Todos os dias, quase as mesmas coisas, quanto trabalho! Horas, dias, meses, anos se passam. Vez por outra ela se olha no espelho e vê o rosto amarrotado, olhos de peixe morto, pensa em se cuidar, mas acaba sempre ficando para segundo plano, a preferência é pelo cuidado com os filhos e atenção ao marido. O resultado disso tudo, é que ao final as recompensas de uma família, preparada para a vida – filhos educados, família honrada na comunidade onde convive com outras famílias. Essa mãe existe? Ainda, algumas existem, são cada vez mais raras. E quando vejo filhos rebeldes, desobedientes, falando alto com os pais, donos dos seus próprios narizes, é porque tiveram um ventre em que foram formados, foram cedidos às babás – ora uma, ora outra – por uma simples situação econômica, fora dado preferencia em ganhar um pouco mais de dinheiro – o pai para um lado, a mãe para o outro. Por terem dado preferência em serem bem sucedidos na sociedade, os filhos não puderam contar com o trato como daquela mãe incansável que tendo doado a sua vida, envelhecendo pelo trabalho, porém com o prazer de ter cumprido a sua missão – deixa o seu legado de mãe. Essa mãe exemplar, é aquela que deu a luz ao rebento (interessante essa palavra “rebento”, me dá a ideia do grão que ao ser germinado, literalmente rebenta) isto é, com dor de parto, e quando ela vai ao extremo de um esforço, derramando suor, fazendo esforço incomum, com muita dor – ao ver brotar a semente, empalidecida contempla o fruto de seu esforço de vida pela vida. Um quadro angelical é pintado logo em seguida, no pano de fundo um rosto suado, sustentando no peito um pedaço de si, vida pela vida, honrando o Criador pelo privilégio de ser mãe – doadora da vida, ajudadora no plano de encher a terra projetando à imagem e semelhança do Criador. O quadro continua sendo pintado por pinceladas aos milhares, cheias pelas cores, cheia de amores, ternuras mil. Há, se não fossem as mães! Por mais que se queira terminar essa pintura, seria impossível, está reservada para ser concluída na eternidade, onde certamente será agraciada por Deus: Mãe, expressão de amor, santidade, o perfume que transcende a todas as fragrâncias, beleza incomparável – te ver amamentando é o mesmo que ver regando o grão a terra na certeza de que haverá uma nova árvore, frondosa cujos frutos perpetuarão para glória e honra não somente da própria mãe, mas da glória e honra ao Criador. Quem a tem, possui a maior riqueza da vida, quem não a tem por ter se despedido, preste-lhe honra enquanto viver. Não fosse a mãe...