Nosso sublime e distinto Amor

É preciso que você saiba a verdade, é necessário que eu te revele as profundezas de meus sentimentos. Poxa! Às vezes eu acho que sou a garota mais incrível do mundo, às vezes eu sinto que eu quero enganar a mim mesma, mas eu gosto de rir dessa tua seriedade besta e de teus olhos verdes, mas que escondem uma tristeza disfarçada de alegria.

Por que os homens são tão medrosos, são tão inseguros quando se trata de questões do coração, quando se trata de sentimentos? Quando eles não sabem direito como lidar com o amor que eles sentem ou que dizem sentir por uma mulher... Cada vez percebo sobre o quanto os garotos são mais imbecis do que na verdade já são.

Meus pais me dizem que ainda não sou uma mulher feita, dizem que ainda tenho muito a aprender, dizem que tenho liberdade, mas eu não me sinto tão livre como costumam dizer. Que idiotices completas são essas várias coisas da vida! É claro que sou uma mulher completa, porque eu me sinto completa e eu sou eu mesma, mesmo que eu seja ainda meio imatura e, aliás, quem é complemente “maduro”? O que significa, deveras, “ser maduro ou madura”? Quem é realmente adulto, de forma plena mesmo? Os denominados “adultos” têm inveja da juventude e da energia e das sensações que nós, jovens, ainda temos de sobra.

Quando eu era uma criança, eu agia como uma pirralha meio mimada e era muito infantil, mesmo achando que sabia tanto das coisas. Todavia eu cresci, eu me tornei esta mulher inteligente, cativante e cheia de graça e de força que as verdadeiras mulheres conseguem se tornar. Ir direto ao ponto? É mesmo, eu meio que voei na maionese com tanto blá-blá-blá.

Eu sei que você me amava muito, eu sei que você lutava contra o teu sentir por mim, eu sei que há muitas noites e escuridão engavetadas em ti, pois você já sofreu tanto em tão pouco tempo, eu sei das tuas aflições e das perdas e dos traumas, meu garoto perdido e atrapalhado. Sei que não estive ao teu lado quando a morte ceifou teus jovens irmãos que são tão preciosos para a tua vida. Porém, é preciso que saibas que eu sempre me preocupei contigo, não duvide jamais de que você pulsa e mora dentro do meu coração, meu garoto triste, o qual soube se encontrar dentro da própria dor e sofrimentos pelos quais tanto sofreu e ainda sofre.

Eu sei que as pessoas julgam e condenam tudo o que foge dos padrões delas, porém a gente não precisa seguir padrão nenhum, nem fórmulas e caminhos nenhum para o amor. Meu olhar será agora o teu caminho, as tuas palavras serão o rio de água viva onde o nosso amor será construído, onde nossos afetos irão florescer e frutificar o nosso sentimento a cada estação do ano.

Estou convicta de que tua insegurança masculina e tuas angústias irão desaparecer com o meu beijo cálido e apaixonado; então, seu garoto idiota, feche, agora, os teus olhos... Você não confia em mim? Então pare de bancar o bobo idiota e feche os teus olhos agora: deixa eu segurar a tua mão, pois eu irei te conduzir por montanhas e florestas e lagos e novos céus que você jamais imaginou sequer que conheceria.

Ei seu imbecil que eu tanto adoro! A gente pode sim enlouquecer quando nós quisermos e agir de forma infantil porque amar é ser também meio louco; amar é uma entrega voluntária da sua própria solidão e do nosso próprio ser e de nossos silêncios e vazios a quem escolhemos amar. E às vezes a gente nem escolhe porra nenhuma, simplesmente a gente olha para alguém e o coração bate mais forte e as mãos transpiram mais do que nunca, e já não se controla direito os pensamentos, e você continua a olhar tão ternamente e com desejos para aquela pessoa toda desengonçada, tola e diferente da gente, que nem consegue chegar com confiança e coragem perto de nós! É impressionante como nos tornamos tão destemidos e covardes quando a gente se apaixona pra valer!

Garoto, você confia no meu amor? Então, por que temer, por que essas dúvidas? “Os outros caras de que já gostei?” Jesus! Como você é infantil. Quando eu não olho pra você é porque eu só estou a olhar pra você! Eu não ligo para esses babacas que querem dar uma de “homens feitos”, que fazem tudo para chamar a nossa atenção, com seus penteados, carros e músculos corporais que estão na moda. Isso pra mim é patético. Tudo se torna modismo atualmente, entretanto nós dois não precisamos estar na moda. Meu amor, me acredite, detesto gente superficial que não tem ideias originais sobre as questões da vida.

É claro que entendo as mulheres que buscam homens ricos, estáveis com seus carros luxuosos e aquele jeito “canalha” de ser.

Para com essas queixas, que droga! Você não percebe que o amor enxerga mais do que mansões, carros caríssimos e viagens para a Europa? Caramba! Por que vocês homens querem que nós façamos tudo em um relacionamento? Ei! Acorda! É você quem eu amo e isso me basta, tá legal? Ei, olha pra mim e escuta esta minha simples certeza: que eu quero unicamente você! Quero estar ao teu lado e contigo nos principais momentos de minha vida e em tua vida: quando eu me formar na faculdade, quando eu ganhar o meu primeiro salário no meu primeiro emprego; quando eu jogar e quebrar na tua cabeça com pratos de louça e com alguns vasos de flores da nossa casa tão bonita ao estar menstruada ou quando tu falares alguma idiotice pra mim... você sabe que sou fogo, eu não levo desaforo pro meu coração; quando eu perder todas as minhas amigas, porque cada uma delas vai querer construir seus próprios castelos com os seus próprios namorados e maridos; quando no natal só tivermos a nós mesmos diante da TV e me der uma vontade de mandar lá pro quinto do inferno, nunca esqueça isso: estas minhas explosões de raiva e descontrole são só teatro, porque depois eu te abraço bem forte, beijo como uma louca a tua boca e te mostro o quanto te adoro.

Então, em alguns momentos da vida, eu vou me queixar de você, vou te mandar plantar batata, falar mal dos teus pais, vou aprontar várias coisas só pra te encher a paciência, afinal eu quero encher a tua paciência com as minhas loucuras (você sempre soube que sou meio louca com este meu jeito amável de ser); então você estará lá perto de mim, segurando com firmeza a minha mão; garoto, eu não sou de chorar nem sou piegas, entretanto eu vou chorar no teu peito porque você é o cara que eu decidi amar, afinal de contas amar é algo que transcende qualquer coisa, qualquer definição.

Você nunca me controlou, você nunca me fez de objeto, você nunca foi um machista e misógino que não entende que sem nós, mulheres, os homens estariam completamente perdidos e sem destino e sem nada. Como a gente nunca tratou o amor como uma forma de luta pelo poder e pelo controle, a liberdade de nossos corpos e de nossos desejos é mutuamente respeitada, principalmente em um mundo onde o contato entre duas almas e entre dois corpos se tornou em um “pecado”, em uma “profanação”, em algo raro e difícil de se encontrar até entre amigos.

Não precisamos de contratos sociais e nem de acordos ou consentimentos religiosos para convivermos um com o outro, para santificar a nossa união, o nosso benquerer, a unicidade de nossos corpos que se santificam apenas com o nosso amor carnal, divino e humano. Basta a gente querer e se dedicar!

Isso mesmo garoto, há muita libertinagem e prazeres imediatistas, entretanto, há pouquíssima ternura e respeito e compromisso entre duas pessoas. Eu sou o teu verbo, e tu és o meu sujeito e predicado, não devido a uma dependência semântica e física entre nós, não é nada disso e você sabe.

Olhe o céu: vai chover. Não há ninguém na rua e ainda que houvesse eu não me importo com esses idiotas arrogantes e tão civilizados que não se permitem nem errar, não se permitem se apaixonar, não se permitem cometer erros e atos ridículos pela pessoa que se ama. Uma vida em que não se tenta arriscar, em que não se questiona tantas trivialidades e babaquices tidas como essenciais à vida, uma vida sem buscar a sua própria felicidade em amar a si mesmo e a outro ser... Cristo! Que diabo de mundo é esse em que dizemos habitar e viver???

Dá-me, meu homem tão sensível e forte, a tua mão e vamos correr pela rua, pelas calçadas, enquanto a chuva cai em nossas roupas e em nossos corpos... Vamos, meu amor, vamos ser nós mesmos: duas crianças cheias de êxtase, de alegria e de união e de pureza em nosso andar e conviver juntos; vamos brincar como duas crianças que entendem o silêncio uma da outra e, ainda assim, a gente consegue rir da cara um do outro como se fôssemos dois debiloides feitos um pro outro antes da fundação do mundo.

Deixa que a chuva nos banhe completamente e eu começo a dançar como uma doida só pra você e eu caio em teus braços molhados, porque o sentido da vida está justamente nesses momentos que só pertencem a nós dois, afinal Deus é amor, logo não há pecado nem engano nem histeria nem confusão nem erro algum quando duas pessoas decidem fazer do amor o caminho, o farol, o mar, as estrelas e a redenção das suas próprias vidas.

O importante é que estamos um imerso no outro, sem brigas, sem ciúmes mesquinhos, sem imposições e nem exigências; o essencial é que nos compreendemos, o indispensável é que não escondemos nossos sentimentos e nem os nossos pensamentos um do outro.

A chuva está mais forte, não se preocupe com os trovões e os relâmpagos; não! não precisa dizer absolutamente nada, não precisamos de palavras e nem de complementos verbais: o que se desprende de nosso saboroso beijo enquanto estamos abraçados não cabe sequer nesse universo trágico e insano, afinal eu sou o teu mundo e você é o meu universo, e Deus cuida da pureza do nosso amor.

“Hoje você faz a pipoca no micro-ondas, pois o filme já vai começar.”

“Que filme vamos ver, meu anjo lindinho e safadinho?!”

“Não é óbvio? É claro que vamos assistir ao filme que juntos construímos das nossas vidas! Apaga essa luz e vem logo pra mim, meu amor.”

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 20/04/2022
Reeditado em 07/06/2024
Código do texto: T7499134
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.