NOS MONTES DE JERUSALÉM

 

            Penúltimo dia da nossa peregrinação todo vivido em Jerusalém. Começamos pelo Monte das Oliveiras que se situa a leste de Jerusalém e foi local de vários eventos bíblicos. Nele se acham várias igrejas que lembram passagens com Jesus, como a sua prisão, os sermões aos discípulos, a sua entrega por Judas, o local de sua última oração, entre outros. Nele floresce muita oliveira, daí o seu nome. Há ali um mirante que oferece uma vista panorâmica deslumbrante da cidade de Jerusalém.

            A primeira visitação foi à Capela da Ascensão. Trata-se de uma capela erguida no local onde ocorreu a subida ao céu de Jesus, 40 dias depois de sua ressurreição. A capela é muçulmana e uma vez por ano se há a permissão para a celebração de missa. Em seu interior está a rocha da ascensão de Jesus, onde nela se vê cravada a marca do seu pé.

            A segunda visitação foi à Gruta do Pater Noster, local onde Jesus ensinou os apóstolos a orar, inclusive a oração do Pai Nosso. O sítio é administrado pelas irmãs carmelitas e nele está a Igreja do Pater Noster. As paredes são decoradas com placas de cerâmica contendo a oração do Pai Nosso em quase todos os idiomas, inclusive em português do Brasil.

            A terceira visitação foi à Igreja Dominus Flevit, que significa “O Senhor chorou”. Jesus enquanto se dirigia à Jerusalém, embelezado pelo Segundo Templo previu a sua destruição e a diáspora do povo judeu, quando abertamente chorou (Lc 19, 37-42). É uma igreja católica que tem o formato de uma lágrima, simbolizando as lágrimas de Jesus Cristo.

            Ponto destacado no Monte das Oliveira é o Jardim de Getsêmani. Nesse local ele orou antes de ser traído. Há nele, pois, a Gruta da Traição e a Basílica da Agonia. Situa-se a gruta há poucos metros da basílica e nela há oliveiras que dizem remontar à época de Jesus. Getsêmani significa “prensa de azeite”. Ao descer à gruta, o Padre Leandro fez profunda reflexão sobre a atitude da traição de Judas a Jesus e do comportamento humano de hoje para com os amigos, os parentes, os semelhantes.

            No interior da basílica encontra-se em frente ao altar a Rocha da Agonia, que está cercada por uma coroa de espinhos de ferro e de ramos de oliveira. A Basílica da Agonia é conhecida também por Igreja de Todas as Nações, porque ele foi construída com o apoio dos fiéis e amigos de todo o mundo. Numa de suas abóbadas acha-se inserido o brasão do Brasil.

Ainda no Monte das Oliveiras, próximo a Basílica da Agonia, fizemos (nem todos) uma visita à Igreja do Sepulcro de Santa Maria, conhecida como o túmulo da Virgem Maria. Acredita-se que Nossa Senhora foi ali enterrada. Há um local em pedra que se diz ser o túmulo e um altar com ícone de Maria e o Menino.

            Fizemos uma pausa para o almoço, após o qual na Capela Nossa Senhora da Paz, do Pontifício Instituto Notre Dame do Centro de Jerusalém, o bispo Dom Eduardo Malaspina celebrou a Santa Eucaristia, com a participação de todos os padres que acompanhavam ambos os grupos de peregrinos.

            Seguimos, então, para o Monte Sião para visitarmos o túmulo do Rei Davi e o Cenáculo, ou lugar da Última Ceia de Jesus com seus discípulos. Ambos se abrigam numa sinagoga que antes era uma igreja bizantina. O sarcófago de Davi está coberto por uma túnica azul com caracteres hebraicos, mas não se sabe ao certo se esse local é realmente o túmulo daquele rei. O Cenáculo fica no primeiro andar, dividido em 3 naves e com quase nenhuma decoração. Nos últimos anos, houve crescentes tensões entre ativistas judeus e adoradores cristãos nesse local.

            Fomos daí à Abadia da Dormição, uma igreja católica no topo do Monte Sião, dedicada à Virgem Maria. De acordo com a tradição local, foi nesse local onde ocorreu a dormição ou morte da Virgem Maria. Na linguagem bíblica, a “morte” é geralmente chamada “sono” ou “dormição”, e foi daí que surgiu o nome do mosteiro e da basílica.

A mãe de Jesus tem uma biografia pouco conhecida e sua morte é alvo de diferentes versões. A versão mais aceita entre católicos e protestantes conta que a Virgem Maria não teria morrido, mas ascendido aos céus, num sono eterno. Seu corpo teria sido sepultado pelos apóstolos na Tumba de Virgem, junto ao Monte das Oliveiras, mas seu corpo teria desaparecido no dia seguinte. Já o local onde Maria teria caído em seu sono é celebrado na Igreja da Dormição, no Monte Sião. 

        No cristianismo católico a Assunção da Virgem é um dogma de fé desde 1950. Embora o dogma não se pronuncie explicitamente sobre a morte da Virgem Santíssima, a tradição majoritária considera que a Virgem subiu ao Céu, em corpo e alma. No cristianismo ortodoxo, a crença da suposição também é compartilhada e a crença de que foi colocada para dormir é adicionada, que é conhecida como a "dormição mais sagrada da Virgem Maria", o que teria acontecido antes de sua assunção.

Uma visita que também fizemos foi ao Muro das Lamentações. É a parte que sobrou do Templo de Salomão que foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C. Nele os judeus se põem à sua frente para suas orações, devendo toda e qualquer pessoa estar com a cabeça coberta. Quem não assim estiver lhe é fornecido a quipá ou kipá, para colocar na cabeça, enquanto as mulheres usam comumente véus.  A quipá judeu equivale ao solidéu católico usado pelos clérigos e ao taqiyah dos muçulmanos.

         A quipá faz lembrar a presença de Deus, que existe alguém acima do Homem, levando o indivíduo à humildade. É expressamente proibido entrar numa sinagoga, mencionar o nome divino, recitar uma prece ou bênção, estudar a Torá ou realizar qualquer ato religioso de cabeça descoberta. No Muro das Lamentações os homens ficam de um lado e as mulheres de outro.

            Terminamos nosso dia, que foi bastante cheio e rico, conhecendo a Igreja de São Pedro em Gallicantu, que significa “canto do galo”, construída onde se acredita ter sido o palácio do sacerdote Caifás. Segundo a tradição, foi ali onde Pedro negou o Mestre (“Non novi illum”, ou “Não o conheço” (Lc 22, 57). Na igreja há mosaicos da construção que relatam este acontecimento. No jardim há um monumento que registra a negação de Pedro.

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 20/04/2022
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