Crítico de arte

Com toda a petulância de um crítico de arte o dilema o pôs em angústia, pois é sabido que há certas angústias que valem a pena viver. O Nascimento de Vênus de Botticelli ou Mulheres Banhistas de Renoir...

O movimento dos cabelo ao vento, a pela nua e a ridícula preocupação de esconder o que é natural, nudez. Não só de Vênus emergida como pérola (jóia de beleza perfeita, que já vem ao mundo pronta sem a precisão dos talentos de um ourives), mas também de outras divindades que com ação censora vêm de túnica para cobrir a nudez como se houvesse crime de ser o que se é... Ouve-se gargalhadas, estas não observadas na imagens, mas dividida no ambiente como se rindo da petulância esnobe de quem discorre com seriedade da estética representada no pincel do artista, "Coloca mais pançinha, mais coxa e bunda!", diante de observação tão singela de quem ouve a crítica, ri também.

Preso na própria desgraça deixou Vênus para trás como sua divindade e discorreu sobre a beleza mortal, aquela que o tempo põe em xeque mas não mata. Trouxe para a análise pincéis que tonalizavam coxas grossas, quadris largos e dobrinhas na pança ao estender o nu sobre os lençóis sob as rochas. Era a perfeição da maturidade sem os crivos da censura. E a juventude ficava impressa na tela pela falta de curvas e dobrinhas e por um singelo pedido no olhar à beleza maduro perdido no ar. Era outro movimento artístico numa outra época onde se via a fuga da moral cristã. Desavergonhadas e sem os pudores dos corpos em detrimento as outras, plenas em si e com as irmãs...

Ao final, constatou que foram ingênuas suas observações, que seria um péssimo crítico... E que fizera o que fez porque ela estava linda e plena e que, o som dos pássaros a cantar no fundo as 7 horas e 1 minuto da manhã fez-lhe perceber que amava aquela beleza...tão exclusiva...tão ímpar... tão particular...tão encantadora. E que só tinha um desejo, beijar aquele umbigo e acariciar aquela pançinha cheia após o café da manhã. Mas as obrigações do dia estavam lá para roubar os desejos...

Ley Gomes
Enviado por Ley Gomes em 12/04/2022
Código do texto: T7493207
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