Pra não dizer que não penso

Poderia fazer como Drummond, mais uma vez, e falar pra mim mesma que o amor é isso aí que estamos vendo. Ou o amor é tudo que dizemos que ele não é. Não sei. Um dia eu leio Vinicius de Moraes e penso em te escrever um soneto, mas eu não sou boa em nada que planejo. Outro dia leio o contemporâneo Duvivier e penso em escrever assim, do jeito que sempre faço, sem métrica ou rima. Um dia você é absurdamente impenetrável e no outro ninguém sabe. Doce mistério, assim como a vida. Tenho que ter coragem para as duas coisas, difícil, mas é inútil resistir. Vou me reservar pra um dia, quem sabe. Pra esse mês ou pra daqui 2 anos novamente. Não sei. Pra ontem eu já te escrevi uma coisa, já te fiz várias outras em pensamento, mas apaguei ou não sei o que fiz delas. Hoje e sempre te disse e digo e repito e anseio o que li de outro jovem poeta brasileiro: você por quem espero imenso e não sei quem é. E sei que já vi teus olhos, mas não te conheço. Teu rosto, tuas mãos, os batimentos. Te ver de novo pra te conhecer de novo e pra te escrever de novo e pra te dizer, de novo, que não te conheço ainda. Eu sou meio estranha, mas também tenho coração. Que sente muito mais do que os outros, certeza. No dia da saudade eu te escrevi. Ficou horrível, melodramático, típico de uma madrugada, assim como agora. Mas quando eu falo de amor, falo de paixão. E quando falo de paixão, falo de uma possível paixão. E quando falo de uma possível paixão, falo de um sentimento cujo nome não sei mas que foi em mim despertado por uma pessoa linda chamada você. E quando falo em tudo isso, eu já disse, falo de você. Mas você é sempre o que não sei.

Poderia fazer, agora, que nem Ana C. Ah, a triste e genial Ana C. Eu só tenho a tristeza. Poderia dizer que tantas fiz pra você gostar, mas não fiz nenhuma. Eu sou só eu, o que quer dizer que sou milhares. Mas poderia dizer, então, que tantos poemas perdi. Tantos assim de cabeça. Tanta coisa que pensei em te mandar, cada pensamento aleatório e vontade de te fazer rir. É disso que eu gosto de despertar nas pessoas. Ou risada ou afeto. Os dois nunca tive. Assim, juntos? Não sei. Que sorte. Mas também sei que sou impossível agora, nesse estado. Só não pro momento, nada é impossível de ser vivido em um vão momento. Nele a gente ama, a gente ri, a gente acha que ama e finge que ri, a gente simplesmente vive. Por pior que seja, fica na saudade da memória ou na memória da saudade. Fica aqui registrado, sempre, porque eu sou a pessoa que escreve e você é a pessoa que lê e adora ( por favor e espero).