Leitor Engavetador

Costumo dizer que quem escreve quer ser lido. Há aquele livro que você compra na livraria e aquele a que você foi ao lançamento, recebendo o autógrafo do autor. E ainda aquele de sua autoria, que você presenteia um amigo, com uma respeitosa dedicatória.

Nada mais agradável do que ouvir do leitor um "feedback", um comentário sobre qualquer capítulo. Quando isto não acontece, a gente fica imaginando: "esse cara engavetou."

Na confraternização natalina de nossa associação de aposentados, livei para sorteio um exemplar do meu livro Do Sertão ao Mar, uma autobiografia que trata da minha trajetória pessoal e profissional.

O ganhador não me conhecia, mas à sua mesa, um colega pegou o exemplar e a mim se dirigiu para obter o autógrafo e já comentando o que viu na orelha, na contracapa e no prefácio. Tudo da própria família: filhas e esposa.

E assim me disse: "isto significa uma grande realização para você".

E acrescentou: "vejo muita gente recorrer a escritores já consagrados ou a celebridades, mas você buscar a prata da casa".

Pronto. Melhor feedback não encontraria de outra pessoa.

Fiquei tão grato, que comprei meu próprio livro pela internet, já quase zerando o estoque, e o presenteei, convidando-o para receber em minha casa.

Uma semana depois, aquele gostoso comentário sobre determinados capítulos. Esse sim que não engavetou.