Arrastão
O Arrastão
Uma colônia pesqueira tem
seu charme. Um deles é a convivência com o cotidiano dos
pescadores, dura lida. Tem suas dias de sorte, quando encontram
um grande cardume; e também periodos de mar agitado; olhos perdidos no horizonte cinza, esperando o bom tempo.
Um belo espetáculo é o arrastão, realizado à beira-mar.
Um bote faz o lance, leva a rede armada até além da arrebentação e retorna. Duas longas cordas a puxam para a areia da praia. Na Praia de Itaparica pescaram um cardume de pescadinhas ontem. No
bar do Ceará, servida espalmada e frita, é o carro-chefe dos petiscos.
Em Jacaraipe, às vezes ajudávamos com as cordas praia acima; um serviço pesado que envolvia mais trinta pessoas. Cada uma era recompensada com um bocado da pesca.
O mais divertido era quando sacávamos da nossa redinha de quatro metros e fazíamos rápidas capturas por trás da malha. Nossas presas eram os inúmeros peixes e camarões que, pulando, escapavam do saco da enorme rede.
Em dias de mar generoso, enchíamos o samburá e a festa, a base de apimentadas moquecas, estava pronta; bastava chamar os amigos.
O saudoso Genilson Pimentel tinha um grito de guerra: com
gigantescos camarões pitus na mãos, gritava em seu sotaque-dialeto serrano: “ Jony.... Olha o piti, Jony!”
Jônice Motta
15/12/20