TUDO A SEU TEMPO

TUDO A SEU TEMPO

Quando entendemos que somos uma obra inacabada, isso quer dizer que nossa motivação existencial está exatamente nesse ponto de vista, ou seja, jamais deixaremos de exercer essa vontade pensante em estar sempre avançando em nossas experiências, construindo o que hoje chamamos de progresso. Não tenho que considerar como sendo fruto da ignorância (uma espécie de burrice, e não necessariamente por falta de conhecimento, do que era a realidade de cada momento na história), ao tempo em que alguém ainda pensava que a terra era plana. Não somente pela limitação das ferramentas de pesquisa, ou meios de busca de conhecimento, o que, à sua época era algo desafiador e ao mesmo tempo extraordinário. Logo, poderia alguém afirmar ser absurda essa ideia aos dias de hoje? Acredito que Leonardo da Vince sonhava com a possibilidade de uma viagem interplanetária, a seu tempo era considerado um louco. Hoje, no entanto, podemos pensar num homem de inteligência extraordinária, somente pelo fato de ter aberto o caminho para a imaginação do que hoje tornou-se numa realidade. Logo, desdenhar o esforço de pensadores do passado em responder aos questionamentos a seu tempo, seria para nós hoje uma tremenda ignorância, por não entender a medida de tempo dentro das possibilidades humanas. Certamente, que também, a seu tempo, outras gerações alcancem maior conhecimento a cerca das coisas, e considerem as nossas experiências vividas como sendo retrogradas, atrasadas. As coisas acontecem assim, mesmo que o homem viva duzentos anos, nesse tempo, será sempre uma obra inacabada. Santos Dumont, pensou que era possível criar um veículo que pudesse ser sustentado pelo ar, deslizando como um barco sobre as ondas, voar como um pássaro. Construiu o “14 BIS”, abrindo o caminho para que outros acreditassem e desenvolvessem outros tipos mais avançados, e assim chegamos aos Supersônicos, às naves espaciais, e ser capaz de construir uma Plataforma Espacial. E há quanto tempo os olhos de muitos cientistas estão voltados para a conquista de Marte, só porque já tenha conquistado a Lua. E daí? Será que vai continuar indo mais longe? Não tenho dúvida, a inteligência humana reflete a inteligência suprema do seu Criador, e toda essa conquista não seria para a glória do homem, e sim, do seu Criador – somos apenas criatura, e na proporção que trazemos para o homem a sua glória, perde-se a visão da razão de sua existência, e deste modo caminha para o vácuo. Pergunta-se: por que tanto conhecimento e homem não muda nas suas atitudes, não muda na sua crença de que nossa origem está em Deus, onde não há limite, o eterno não tem fim, parece redundante, mas, pouco entendemos sobre o que é eterno, estamos sempre limitados ao ponto em que tudo começa até o ponto em que tudo termina. Somente a experiencia religiosa é capaz de construir algo que transcenda sua capacidade racional, ou palpável. Nisso, a Teologia é a única que pode trazer luz ao entendimento para a existência humana, ou seja, capaz de satisfazer o coração e alma, principalmente daquele que sabe entender que não é obra do acaso, mas sim, da vontade do Criador. Carl Sagan, numa de suas obras, disse que: “a única gratificação que a ciência nos nega é a ilusão”, talvez ele estivesse pensando na mera claridade que a ciência proporciona ao responder aos questionamentos sobre o ser ou não ser, dando-lhes prova de sua existência, ou realidade. Seria dizer que a ciência não se ilude? Estaríamos distantes de nosso imaginário, quando a vontade se une à possibilidade, nos remetendo à materialização de nossas ideias? Se assim posso dizer. Seria colocar a religião como ilusão, pelo simples fato de transcender aos limites da mera especulação racional pura e simples? A religião é a resposta à nossa vocação, inerente a todo ser humano – todos nós desejamos nos identificar com o nosso Criador. Quem a isso se nega, é o reflexo de sua própria ignorância, e está fadado ao nada, e, pior, com consequência advinda de tudo isso, quando contraria o propósito do Criador, que sendo um ser moral, a todos conclama para o momento eterno que Ele mesmo deixou no Seu Testamento para a humanidade – do seu juízo, ninguém vai escapar. Fato é que, sendo o principal de toda a criação, não estaria o homem reduzido à sua existência temporal. Não cabe qualquer dedução que seja dada ao homem estabelecer seu próprio destino, tudo está estabelecido pelo Criador desde o início, e assim será, pois Ele é que tem o bastão na sua mão. Por isso é que chamamos a atenção para os que nos antecederam, eles não foram menores do que nós nesses tempos de tanto conhecimento. A seu tempo, valorizaram o desejo de ir sempre mais além, desafiando, e vencendo desafios. Bem verdade é que, muitos por terem aguçado suas mentes para as novas descobertas, tiveram suas vidas ceifadas pela ignorância, principalmente da Igreja, uma vez que julgava deter o poder em decidir sobre todas as coisas – manter na prisão quem pensasse fora do que era estabelecido pela igreja de então. Convém que se diga aqui da Igreja como Instituição, e não numa relação com a religião, que nada mais é do que uma resposta do homem na sua vocação em se identificar com o Criador – o que aliás, é perfeitamente entendido pela grande maioria nesses idos de 2021. Acredito que, o mundo todo e em todas as culturas já sentiu o temor assombroso de olhar para o céu, mais ainda nesses dias em que são reveladas as fotografias tiradas pelos robustos telescópios, como que parecendo vislumbrar a inalcançável eternidade ante os olhos humanos. Somente à luz da fé é dado ao homem entender até onde vai seus limites, o que tão claramente demonstra a infinitude aos olhos de Deus. Por isso mesmo disse Albert Einstein: “Defendo que o sentimento religioso cósmico é o motivo mais forte e o mais nobre para a pesquisa científica”. No entanto, a narrativa bíblica há muito tempo foi capaz de demonstrar que a sabedoria humana, a seu tempo sempre se demonstrou grandiosa – reflexo do saber humano espelhado em Deus. Tudo a seu tempo!

04\072021