FATOR MONJOLO

FATOR MONJOLO

Enche, entorna e bate, essa é a função monjolo, e para os mais modernos será preciso pesquisar essa engenhoca para entender a nossa fala. Quanto a palavra se diz ser de origem sânscrito, de grupos de línguas indo-aricas, que formam a maioria das línguas indu-europeias da Índia, Paquistão, Bangladesh e outros países vizinhos. Provavelmente de regiões de produção de arroz. A engenhoca era utilizada para descascar não somente arroz, mas outros grãos. Há uma espécie de concha numa das pontas que ao encher de água, levanta a outra ponta onde existe apenas um soquete, consiste em encher a cocha fazendo girar sobre o eixo derramando a água, voltando a subir enquanto o soquete desce batendo sobre os grãos, contido no pilão, nesse sobe e desce vai descascando os grãos. O povo brasileiro é o produto que está no pilão, é o que recebe todos os dias as batidas do soquete, ao que faz parecer para os três poderes que enchem as conchas vinte e quatro horas por dia. Mesmo enchendo a concha todo tempo não consegue fazer qualquer volume que dê relevo ou crédito por parte do povo que apenas continua recebendo pancadas a todo momento. A insanidade de projetos absurdos da Câmara e do Senado; as insanidades de decisões e intromissões do STF em total arrepio da lei, o que para o povo que sofre, não lhes tem dado crédito algum, apenas acompanha as manobras de cada dia. Indignados e mesmo apanhando sem cessar, todos acreditando que o mais importante é o que está por vir. Esses grãos pisoteados, estão perto de ser arroz. Não é o que enche a concha que fica para o final, mas sim o produto principal – o arroz sem casca, depois de levar tantas pancadas, surgirá limpo para alimentar de esperança, por agora estar desimpedido das cascas da ignorância que sempre existiu. Aos milhares, sofridos, famintos e massacrados, a dura lição de décadas de pancadaria, e que, agora está chegando ao fim do silêncio. O povo alegre e bom, que se divertia assistindo o futebol pela televisão, as novelas e o carnaval, começa a entender que essa alegria é efêmera, falsa e enganadora. Um dia, assim como aconteceu com o monjolo, que virou peça de museu, a história há de contar sobre os homens maus deste tempo, dos quais ninguém se lembrará, não deixando saudade, serão apagados por si só. Na multidão dos que ouviam calados, um despertar para se identificar como cidadão, povo brasileiro, saindo às ruas vestindo verde e amarelo, confirmando quem são os verdadeiros donos desta terra. Separando joio do trigo, como palhas ao fogo vão se dizimando os trajados de vermelho ante a sua imbecilidade, vendidos por um pão com mortadela, não por necessidade, mas por manter mentes vazias e destituídas de princípios morais de cidadania, pouco se importando em vender o País ao inimigo – estes que nos tem roubado as riquezas. Como água que enche e entorna no monjolo e são despejados com suas imundícias que rolam espaço adentro, cujos atos são desprezíveis, como enxurradas em dia de tempestade. Bate monjolo, bate sem parar, um dia essa água há de secar, o soquete não mais subirá, o arroz restará triunfante, sem as cascas, limpo e pronto a ser servido, fartando de esperança o País em que nascemos. Arraigados por Estados e Municípios, o mesmo fator é sentido pelos menos favorecidos da sorte, numa escala ascendente forçando tantos outros a descerem para o andar de baixo onde reside os que sobrevivem às pancadas de cada dia. O povo pacato e bom, de repente vem se lançando nas ruas, através das carreatas, motociatas (termo novo) para dizer pacificamente que não mais aceita as pancadas da justiça ausente, da política nojenta e suja, das mentiras deslavadas orientadas por um condenado prevalecente das benesses do STJ, continuando livre fomentando discórdia e muita violência. Há meu País brasileiro, terra de tantas boas memórias daqueles notáveis pioneiros, de tantas cabeças pensantes que se fizeram notórias por todos os cantos do mundo a boa terra de paz e do povo mais alegre de todos os continentes. Brava gente brasileira que bem descreveu Evaristo Ferreira da Veiga, cito um pequeno trecho do hino da Independência: Já podeis da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil, já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil. Já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil! Brava gente brasileira! Longe vá temor serviu, ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil... A continuar com o nosso monjolo, não sairão apenas as cascas, corremos o risco de nos tornarmos pó, uma vez a persistir as pancadas que temos recebido. Este, é o que chamamos de fator monjolo. Lembremo-nos da nossa liberdade na expressão mais profunda do Hino, o que vamos parafrasear com todo respeito: “ou permanecer a liberdade, ou mantê-la, mesmo que custe a nossa própria vida”.

22\06\2021