GERAÇÃO ANOS 80

Se você também foi jovem nos anos 80 saberá do que eu estou falando. Havia neste tempo uma honradez natural da criatura humana. Você era considerado "homem" se sustentasse sua palavra diante dos fatos (ser homem era antônimo de ser mentiroso). Outrossim o porte de uma arma não fazia de um moleque um homem e nem a sua falta diminuia a masculinidade, homem era homem e pronto.

Neste tempo cada coisa tinha seu nome certo:

Ladrão era alcunha de quem roubava algo; quem mentia de forma recorrente era mentiroso; vagabundo não tinha emprego e se diferenciava do desempregado porque não queria tê-lo; cristão era chamado todo aquele que defendia a vida como maior de todos os bens e perdoava ofensas que não se devia perdoar; patriota era alguém que amava o povo brasileiro e tudo que o caracterizava (cor, cabelo, fala, cultura, etc.); herói era alguém que arriscava sua vida para salvar a de outrem; justiça era sinônimo de igualdade de tratamento para todos indistintamente e liberdade significava ser e viver do jeito que você quisesse sem sofrer por isso, mas a liberdade implicava sobretudo respeitar o jeito de ser e viver alheio. Porém...

Não foi um paraíso a vida nos anos 80, havia uma excelente base do que era o bem e a verdade, mas nem todos tinha esta base.

Hoje estamos na geração pós-verdade que, como todas as outras, congrega uma variação enorme de personalidades em si, a diferença está no fato destes não terem as bases morais que orientavam aqueles.

Se você se impacta quando, discordando de alguém, é chamado de ladrão, vagabundo ou mentiroso por um quase conhecido, mesmo não tendo roubado nada, possuíndo um emprego e provando as coisas que afirma, você é anos 80.

Esta nova geração vai mandar você sair do país, vai te ameaçar pelas redes, vai comemorar cada morte ou prisão de quem discorda dela, vai se vangloriar de dar carteirada, de ser uma massa cheirosa e não comer mortadela como você, ela vai, por fim, sem o menor sinal de vergonha na cara, espalhar mentiras em nome de uma fé cristã violenta, de um patriotismo amante da bandeira norte-americana e de uma família em que mulheres são espancadas e mortas pelos companheiros as dúzias todos os dia.

Não tente entendê-los, eles não têm nossas bases, não são anos 80. Seus heróis são aqueles que põem em prática as bizarrices extremistas com que eles sonham, mas não têm coragem para executar. Atualmente a geração anos 80 é uma estranha joia em meio ao basculho social que se movimenta nas redes, não há meio de uma entender a outra, só curta a sua raridade e a sorte de ter participado de um mundo muito melhor que o atual.

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 27/05/2021
Reeditado em 08/07/2021
Código do texto: T7265714
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