PORQUÊ ESCREVO!
 

          Certa vez alguém perguntou-me por que escrevo! Respondi que escrevo assim como quem escreve para a vida. Às vezes alegre, às vezes dolorido, meio sumido! Outras vezes escrevo liberto, lembrando que nem vestes possuía quando vim para este mundo. Mas também sei que corri bastante para estar aqui hoje, ultrapassei milhões de iguais numa corrida desenfreada pelo pódium, tornei-me diferente e venci as probabilidades, fui campeão mesmo antes de nascer e entrei na vida para a vida dentro da vida de um ser maravilhoso, minha mãezinha querida, que Deus a tenha em um bom lugar a olhar-me de onde estiver. A vida vivida com amor parece ser eterna e neste contexto minha mãe permanece viva. Gosto de escrever sim, não sei exatamente o porquê, mas leio muito pouco do que desenho. Devia pintar mais, colorir mais, rabiscar e traçar menos, se importando menos com as palavras de quem não escreve nada, porque todos deveriam escrever alguma coisa sempre, por mais que fosse pouco! Faz bem ao ser que está dentro de nós e nunca estamos sozinhos.

          Das correntes destinais que me enlaçam neste fazer, apenas às do coração são capazes de me prender de verdade, embora muitas vezes pareçam inquebráveis, podem se tornar frágeis. É por isso que eu confesso que a vida me fascina diante deste fado que carrego. Minha vida assim vivida assinala dentro de mim a sina de um eterno amar. Mas viver não é fácil. Das lembranças que tenho e trago, as de meus sofrimentos nunca me abandonaram, adormeceram apenas, mas, às dos bons momentos se eternizaram patente, permanecem sempre! Tornaram-me assim escritor de letras e palavras em profunda aprendizagem diária, um eterno aprendiz contumaz.

          Quanto as minhas companhias não tenho muito do que me queixar. São poucas assim como os verdadeiros amigos entre tantos que já fiz e continuo a fazer. Sem amigos não somos ninguém, estaremos num mundo escuro sem teto e eles são o justo teto de estrelas em nossa vida, aos nossos olhos sempre atentos para com seu brilhar. Acredito que foram encontros já planejados de outras searas para nos  iluminar durante às noites que temos que atravessar em alguns dias de nossa passagem. Quem sabe quantos ainda irei conhecer e chamar de "amigo meu" pelo fato do destino assim guardar! Quanto a solidão, é uma companheira fiel, esta não me abandona jamais em seu íntimo silêncio a me lembrar e falar sobre meus sonhos. Uma mulher que sabe o homem que tem ao seu lado. Embora, pessoalmente, eu pense que ela seja um golpe egoísta desta sina, nos damos muito bem. Entretanto, estou sempre predestinado a pedir-lhe o divórcio, num eterno litígio que nunca chega ao fim! Há quem diga que "viver sozinho é está de bem com a alma...sem medo de ser feliz". Por que escrevo? Tentarei Responder. Porquê sou feito de letras. Então continuo a escrever, simplesmente...Neste mundo que me fornece todos os dias papel e lápis. Este é meu navegar neste mar de palavras!  Talvez pela busca no encantamento de novas cores em um mundo que aparentemente mostrar-se-ía cinza sem você que está a ler-me agora, obrigado, talvez pela alma que carrega em si a decisão de encontrar-se dentro dela própria através da escrita, lembrando que a vida é uma retroalimentação de si mesmo numa dimensão atemporal, daí sua eternidade frente às efemeridades que não me fascinam.

Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 22/02/2021
Reeditado em 13/03/2022
Código do texto: T7190328
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.