Necropolítica

Com desigualdades gritantes, o Estado brasileiro desde sua constituição como tal, elegeu quem seriam os cidadãos portadores de direitos: de vida, de privilégios, de justiça, de educação, de saúde, de ser ouvido. Para que uma ínfima parcela da população exercesse, por si só, o Capitalismo e a Democracia. A outra parte, apesar de maior, sempre pagou por isso.

Essa grande parcela, os indesejáveis - pobres, negros, indígenas, LGBTQI +, deficientes, mulheres, idosos; são também os que podem morrer. Podem morrer, pois se tornaram números , sem alma. Por que não fazem parte da “raça pura branca”. Por que confrontam a moral hipócrita de falsos cristãos e de famílias que encobrem pais pedófilos. Por serem mulheres que não querem como marca a submissão. Idosos e deficientes, são considerados “pesos mortos” para o Capitalismo que põe valor em vidas pela riqueza que produzem. Da Democracia, essas pessoas só tomam conhecimento, quando os permitem votar, porém em quem se dispuser manter tudo como está.

Dessa forma vivemos a Necropolítica como forma de Programa Estatal. Aos sem título (social), sem sobrenomes conhecidos, negros, índios e mestiços a falta de educação, como política para a não ascenção social deixa poucas portas abertas. Na sua maioria sobrevivem com subempregos, muitas vezes insalubres e pesados. Outros terminam cooptados pelo crime. Quando conseguem avançar na educação, encontram toda sorte de entraves para seu desenvolvimento profissional. É raro que alcancem alguma projeção social, contudo convivem com o racismo entranhado em todas as estruturas da sociedade.

São eles que engrossam as estatísticas de mortos pelo braço armado da sociedade. Esse braço armado ainda não se deu conta que executa o trabalho sujo dessa elite genocida, por que quando armados matam pobres, que podem ser seus vizinhos, e usam um alvo para que também sejam mortos e sejam mais um pobre que tombou… invariavelmente, um negro de farda que sonhou colecionar estrelas, mas essas não virão. O “Comando” tem escrito “Negro não!” Da mesma forma que o “bacharelado” em Direito também parece um sonho distante. Magistratura, não combina! Aqui embaixo nos ensinam que existem modelos para cada profissão, não existem modelos negros em muitas delas. Estão dominadas por brancos. Todavia, os presídios estão cheios de negros e mestiços. Coincidência?

O racismo é a essência da sociedade brasileira. O racismo institucional, mantém inviável o ingresso e ascenção do negro. Essa estrutura racista e genocida da sociedade brasileira, criminaliza e mata a maioria dos brasileiros. Vivemos em uma “democracia” que não reconhece a população com igualdade. Uma Necropolítica Oficial. Um capitalismo que coloca 90% da população na mira de armas convencionais ou ideológicas, para júbilo dos fascistas daqui.