Até do Inferno...


     1. Perguntei ao amigo Joaquim o que foi, para ele, o ano 2020, no momento agonizando. Ele foi curto e grosso na sua resposta: "Foi ótimo! Escapei!".
     E citou os nomes dos amigos e conhecidos seus que, em 2020,  morreram, assassinados pelo vírus, apelidado de Covid-19; admitindo que mais companheiros ainda poderão morrer, até a meia-noite do dia 31 de dezembro.
     
2. E me informou, que entre os amigos mortos, não estavam somente pobres e velhos. Estavam, ressaltou, pessoas de todas as idades e cidadãos possuidores de bom saldo bancário. Com essa informação, Joaquim quis afastar os boatos de que a Covid-19 só mata os idosos e os pobrezinhos. 
     
3.  Adverti-o, no sentido de que não soltasse foguete antes de ver findado 2020. Concordando com ele quando afirmou que, até 31 de dezembro, outros ainda poderão morrer, assassinados pelo Coronavírus, que ainda está por aqui e por aqui ficará, até ser enxotado por uma vacina, venha ela de onde vier, até do Inferno. 
     
4. Joaquim ouviu minha advertência com evidente ceticismo. E ainda teve a desfaçatez de chamar a Covid-19 de "gripezinha", como o fazem alguns "incitatus coroado" que andam soltos por aí. Diante de sua reação, desisti de pedir sua atenção para o perigo do virus que no momento nos aterroriza. Que Deus dele se apiede neste final de ano, para que o 2020 seja, para ele, como disse, "Ótimo!". 
     
5. E eu, o que acho, até agora, de 2020, nos seus terminais suspiros? Não repetiria o Joaquim, afirmando que 2020 foi ótimo porque não morri. Tive sorte. Pelo menos até agora, a Covid-19 não quis nada comigo. Até agora, não me incomodou. Mesmo assim, tenho me cuidado: uso máscara, não dou abraços, não entro em aglomerações e rezo.
     Peço todos os dias a São Francisco Xavier, o padroeiro de Salvador, que salve sua cidade, como ele fez, em 1686, livrando-a da epidemia  da febre amarela.
     
6. Reafirmo. Não fosse a chateação causada pelo enclausuramento forçado e ainda ter que usar, saíndo de casa, a "focinheira", diria que estou tirando de letra as duras restrições impostas pelas nossas autoridades, na irrecusável obrigação de zelar pela saúde do povo. 
     
7. Não diria que em 2020 (até agora) só encontrei flores pelo caminho. Não, Também encontrei espinhos, e bastante. Mas consciente de que o dia a dia sem problemas não tem graça. E que o importante é procurar resolvê-los ou, se for o caso, administrá-los.  
     Aqui recordo o que escreveu o Médium José Carlos de Lucca: "Uma pessoa feliz não é aquela que não tem problemas, mas aquela que não deixa o problema acabar com sua vida".
     
8. Posso, então, afirmar, que em 2020 (até aqui), fui uma pessoa feliz. Os problemas traumáticos que me surgiram pela frente, enfrentei-os sem chiar.      Aproveitei e curti bastante os momentos de felicidade, sabendo que, como disse o mestre Mario Sergio Cortella, "Não existe a felicidade como perenidade".
     
9. Destaco um momento de felicidade em 2020.      Aconteceu quando, olhando para o lindo céu baiano de verão, após o seu mais límpido crepúsculo, testemunhei o encontro de Júpiter com Saturno. Encontro que não ocorria há 800 anos. O último teria sido em 1623. 
     Olhei-os demoradamente; sabedor de que novo encontro se dará daqui a 60 anos. Neste tempo, o cronista que vos fala, será apenas saudade... e nada mais.
     
10. O mais é pedir a Deus que 2021 não seja uma simples repetição de 2020, com a pandemia imperando e fazendo o mundo sofrer. Que seja o ano da vacina salvadora, como disse acima, venha ela de onde vier, ATÉ DO INFERNO.     
    
     
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 28/12/2020
Reeditado em 28/12/2020
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