Serviço telefônico interurbano

Em agosto de 1928, a extinta Companhia Telefônica Brasileira, que na década de 1970 passou a compor o sistema Telebrás, adquiriu a Empresa Telefônica de São Sebastião do Paraíso, constituída alguns anos antes como resultado do sucesso econômico do grande polo cafeeiro do Sudoeste Mineiro. Foi noticiado na imprensa nacional que a referida empresa paraisense mantinha postos telefônicos em Guardinha, Capetinga, São Tomás de Aquino e Espírito Santo do Prato, mantendo o serviço de comunicação com 350 aparelhos em funcionamento. Uma quantidade expressiva se comparada aos existentes em Belo Horizonte, onde havia cerca de 1300 telefones.

Embora naqueles anos já houvesse aparelhos automáticos nas grandes cidades, no interior, predominava o sistema anterior, no qual as ligações eram completadas por conexão manual das redes com extremidades numa mesa repleta de fios, tomadas e pinos. Esse importante serviço de conexão de linhas era realizado pelas telefonistas, profissionais de elevado prestígio social, bem renumeradas, que se destacavam entre as reduzidas oportunidades de trabalho para as mulheres daquele tempo. No início da década de 1930, a revista Sino Azul, editada no Rio de Janeiro, especializada em assuntos relacionados à telefonia, publicava notícias sociais sobre as telefonistas e demais funcionários da Companhia Telefônica Brasileira. Através dessa revista podemos rememorar as elegantes e prestigiadas telefonistas paraisenses, senhoras Oscarlina de Barros, Efigênia de Barros, Geralda da Silva, Dativa Lopes do Amaral, Estela Malagutti, Elvira Pedrosa e Otília Amaral.

Cumpre observar que a ligação telefônica entre duas cidades, chamado serviço interurbano, era extremamente limitada, pois dependia da existência da rede estendida nos postes, sistema esse que exigia constante manutenção e estava sujeito às boas condições do tempo. Em dias chuvosos era praticamente impossível realizar uma ligação. Ainda no início da década de 1970, para completar uma ligação telefônica entre São Sebastião do Paraíso e São Paulo, poderia ser necessário esperar várias horas. Certos dias, isso nem mesmo era possível, apesar do esforço das telefonistas.

A inauguração do serviço telefônico interurbano em São Sebastião do Paraíso realizou-se em 20 de agosto de 1934 em reunião presidida pelo então prefeito José Honório Vieira Júnior, filho do renomado coronel e grande cafeicultor, com a presença do Juiz de Direito, Amphiloquio Campos do Amaral, do Juiz Municipal, Luiz Gonzaga Samico, Monsenhor José Felipe da Silveira, Jornalista João Borges Moura, redator do Libello do Povo, entre outras autoridades e conhecidos paraisenses. Ficou na história que a primeira ligação foi realizada pelo prefeito que conversou com políticos que estavam em Belo Horizonte, ao lado do ilustre deputado e poeta paraisense Noraldino Lima. Passou o tempo e ficaram as memórias e as histórias. Depois de 90 anos, com o progresso nesse importante setor, vieram as tecnologias digitais que permitem comunicação quase instantânea, através das diferentes mídias e redes sociais.