O MEDO DO TEMPO.

Quem tem medo do tempo? Ele passa para tudo e todos.

Quem compreende a finitude percebe a infinitude. Não há causa sem efeito nem efeito sem causa. Não se finaliza o que se transforma. Não existe imutabilidade em nada que vive, o que vive se finda e se transforma. Os cremados são gases, cinzas e espírito.

As partes nobres continuam em memória ainda que mínima. Há sempre espaço para os que se foram na memória, porque nasceram, não importando por quem e como chegaram à vida. Mesmo que não haja saudade houve causa. Nasceram.

A matéria continua sendo o que foi era e será em transformação que segue, ininterrupta.

Por isso não escrevo para difundir, mas servir à utilidade, e a utilidade não é ninguém, são todos os que dela podem se servir. E até o subjetivo pode abrigar utilidade e o ato de escrever atingir essa nobreza.

Píncaros de um mundo diferente. Liga a fatalidade a escrever o que por razões fortes é necessário e encontra com a realidade.

Sem diletantismo ou caminhar "pela rama".Por isso nos enriquece quando flana por lugares a nós desconhecidos, mas que encantam, seduzem, e alongamos os braços para se tornar possível voar em seus voos. Viver no correr do tempo, muitos correm atrás do tempo enquanto ele passa. Não se corre para ser vencido.

O tempo é doce e implacável, toda sedução é implacável, deixá-lo correr sem tentar alcançá-lo é tanto real como desfecho e imperativo da inteligência.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/08/2020
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T7034734
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.