A Casinha do Alto e Baixo

Isso que tentarei explicar de forma codificada, é também naquela região, próximo ao Caladinho, e aconteceu nesse período que morei na rua Equador. Esse tempo, foi muito bom em termo de convívio social. Quando comecei a visitar a igreja, algo que estava acontecendo que eu achava muito legal, era o fato de que não era apenas nós, que estávamos chegando na igreja. Tinha mais pessoas recentes, e isso é muito bom, porque querendo ou não, são pessoas que identificariam com a gente, pelo fato de viver a mesma realidade. Identificamos muito com esse casal. O homem, ainda imberbe, era moreno claro, altura média, cabelos castanhos, e ainda ostentava um par de olhos esverdeados, parecendo um ator de cinema, rs. A sua esposa, também era jovem, muito comunicativa e era um pouco mais escura que ele, cor de jambo, um pouco mais baixa que ele. Sempre visitávamos uns aos outros, as vezes eram eles que vinham em nosso apartamento, outra éramos nós que visitávamos a sua casa. Esqueci de dizer, eles tinham um casal de crianças, ainda pequenos. Hoje, eles continuam morando no mesmo local, no entanto, tudo mudou. Hoje, eles têm uma casa grande e espaçosa, os filhos já estão todos casados, estão cheios de neto. Mas de uma coisa, tenho a plena certeza, jamais esquecerei aquela casinha onde tudo começou. O que mais me chamava a atenção, era a geografia do lugar. Inicialmente, subíamos um morro. A rua deles fica lá no alto, ao chegar onde eles moram, a gente descia uns trinta metros, pois a casa fica bem abaixo do nível da rua. Todavia havia ali algo mágico, e atualmente não vejo lá essa magia, esse encantamento. Antigamente, a escada por onde éramos conduzidos até a casa, era cunhada no próprio terreno. De maneira que ao descer tínhamos que prestar muita atenção. Eu gostava enquanto descia as escadas, ver a casa, as plantas ao redor, a passarinhada cantando. Aquilo promovia tanta paz. As lembranças daquela casinha são bem nítidas em minha mente. Era uma casinha com quatro cômodos: uma sala, dois quartos e uma cozinha. E na parte de fora, tinha uma pequena área, onde ficava o tanque e o banheiro no canto. A casa era toda coberta com telhas de amianto. A pintura externa era bem clarinha, sendo que as janelas e as portas eram de metalon e vidro, e todas eram pintadas de verde. Eu adorava quando fazíamos churrasco lá. Parece quando o local é pequeno, sem muito espaço, as pessoas são mais aconchegantes. Lembro de um dia que fazíamos churrasco, e começou a chover. Nesse dia eram três casais: nós, eles e Jefinho e a Lucilene. Era tudo muito mágico. Aquela carninha assando, com aquele cheiro delicioso, a chuva que batia intensamente no telhado, sendo que o orvalho caia em nossas faces e aquela boa prosa, era tudo de bom. Seus meninos eram obedientes, nem parecia que ali tinham crianças, de tão comportadas que estavam. Eu vejo tanto a cena dessa casinha em minha mente, que até dei um nome a ela. A casinha do alto e baixo. Como sinto falta daquele tempo de antigamente. Infelizmente, hoje, parece que o tempo encarregou de nos distanciarem.

Esst texto faz parte de "Um Conto de Vida" que estou escrevendo.

 

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 12/08/2020
Código do texto: T7032975
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