ESCRAVOS DO TRABALHO

Primeiro teve o começo de quase tudo de bom-tom-dom-som-como-com, coisas e nomes adâmicos, pouco edênicos. E Ele achava bom! Gênese em frênese. Depois muitos começos sem fins.

"No começo contudo enxada teve seu lugar. Prestava para o peão enconstar-se nela a fim de prover seu cigarrinho de palha. Depois, com o desaparecimento do cigarro de palha, constatou-se a inutilidade das enxadas" [Manoel de Barros, "Livro de Pré-Coisas"].

Depois teve pecados bem originais. Pão como o suor do próprio rosto do morto de fome. Como comida para não ser comida. Vida deixou de ser cômoda. Desde - ou Deus de -o trabalho indigna a mulher e o homem, desde então morre-se para salvar a economia. Assim, Caim foi punido para o bem de ninguém. E Lilith foi para o Leste, para em seu caldeirão, entre asas de morcego, baratas e chumbo, cozinhar a liberdade oriental que orienta o dia sem Norte que morria todo dia no Oeste... Enquanto Abel apeava de seu cavalo chucro e se perdia num Pantanal sem regras e sem réguas. Morreu o "Home ludus" e nasceu o "Homo Economicus", que acha que sabe que sabe, mas não consegue escapar de sua caverna sem luz natural e cheia de dragões articiais.

Começos são confusos, eles têm fim mas não têm fins. Mas têm na origem a verdade dos mitos jungianos..