QUE FALTA FAZ A NOÇÃO DE NAÇÃO, “NÉ, MINHA FILHA?!”

Não importa quantas larvas teremos que suportar; se fomos persistentes e resilientes, certamente um dia alcançaremos nossas borboletas!

Claudio Chaves

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Muitos dirão tratar-se de recalque ou inconformismo de quem “é do contra” – e eu não descarto a possibilidade de estarem corretos em sua assertiva. Mas o fato é que temos um presidente da República que, além de profundamente incompetente, irresponsável, intelectualmente bastante limitado e completamente inábil para a função que exerce, narcisista, demasiadamente ambicioso, é frustrado e, o que é mais temerário, emocionalmente desequilibrado e totalmente imaturo – o que o torna refém das próprias frustrações e das chantagens dos filhos que, muito provavelmente, por terem sido criados sob o paternalismo autoritário (e, ao mesmo tempo, pusilânime) do pai, hoje, se apresentam diante dele para cobrar a fatura. Ou seja, para que seus “garotos” não se rebelem contra si, o presidente ignora a responsabilidade – e, ao mesmo tempo, a honra – que é governar uma nação com as dimensões e complexidades do Brasil para ceder aos caprichos de seus pimpolhos – como se estes estivessem apenas a disputar entre si a construção de castelos de areia –, não importando os constrangimentos que tenha que passar e a tragédia a que possa submeter a nação; o importante é usar todo o poder (de forma legal ou abusiva) para limpar a barra dos meninos – uma forte evidência de assunção tácita de culpa pelo dever mal cumprido em tempos remotos.

Mais uma vez, pode parecer deboche; mas, de fato, sem nenhum resquício de demagogia, tal situação, às vezes, me leva às lágrimas. Como um dos milhões de cidadãos que deseja apenas viver em um lugar decente – como tantos que há ao redor do mundo –, que tipo de sentimento poderia eu nutrir a não ser um profundo desapontamento ao ver meu País, ao longo de toda sua história, constantemente a patinar entre pequenos avanços e enormes recuos na luta (muitas vezes aparentemente inglória) pela construção de uma verdadeira nação?

Evidentemente o presidente não é o único responsável pelos incontáveis problemas que tem o Brasil. Aliás, se juntarmos as responsabilidades dele e de toda a chamada classe política, apesar de relevante, ainda é coisa de pequena monta diante da minha e da sua responsabilidade enquanto cidadão desse grande e profícuo território chamado Brasil.

Não tenho dúvidas de que, nesse particular, minha opinião não é unanimidade (ainda bem!). Mas também sei que não estou só. Milhões de brasileiros reconhecem que elegemos, de todas as propostas de governo apresentadas durante a campanha eleitoral, a menos republicana, menos democrática... a mais rasa de conteúdo relevante, mais ideologicamente dogmática e, por conseguinte, a menos confiável e mais perigosa.

A pergunta óbvia é: por que fizemos isso se estava em nossas mãos o poder de decidir? Por que, como um suicida que espontaneamente constrói o próprio cadafalso, elegemos governantes que, ao invés de nos trazer confiança, honra e segurança, nos infundem, cada vez mais, a desilusão, a frustração e a sombria perspectiva de que somos um País sem jeito, uma gente sem conserto e, portanto, um povo sem futuro?

Como sempre gosto de ressaltar em minhas ponderações, na Democracia (bem mais do que noutros sistemas de sociedade), os governantes não são imagem; a imagem são os governados. Os governantes são apenas o reflexo daqueles os quais governam.

Com o perdão do trocadilho, “sem noção não é possível construir uma nação”. E nós, brasileiros, em regra, não temos (às vezes, nem palidamente) essa noção.

Infelizmente, há pouco o que esperar – e muito o que trabalhar – num curto prazo, em termos de construção de um perfil verdadeiramente nacional (no sentido epistemológico de “nação”) no País em que uma das palavras mais pronunciadas é Democracia, mas a maioria absoluta da população é politicamente analfabeta, o dogma sempre esteve (e ameaça avançar cada vez mais) acima da razão, o maior sistema (o público) de ensino mais treina do que educa e grande parte dos professores da educação básica deste sistema ainda orgulha-se de se declarar “apolítico”.

Quando esse espírito de frustração me cerca, no entanto, gosto de lembrar, dentre outras, de uma composição de Zé Geraldo, que diz: “Hei você que tem de 8 a 80 anos / Não fique aí perdido como ave sem destino / Pouco importa a ousadia dos seus planos / Eles podem vir da vivência de um ancião ou da inocência de um menino / O importante é você crer / Na juventude que existe dentro de você / Meu amigo meu compadre meu irmão / Escreva sua história pelas suas próprias mãos” Ele faz um apelo: “Nunca deixe se levar por falsos líderes”! E arremata: “O importante é você ver o grande líder que existe dentro de você”.

E, assim, sigo crendo que não importa quantas larvas teremos que suportar; se fomos persistentes e resilientes, certamente um dia alcançaremos nossas borboletas!