MARGENS DO VELHO CHICO

MARGENS DO VELHO CHICO

Com um olha através do site de satélite,

Vi o Brasil inteiro de uma vez.

Localizei uma região mais para o interior do país

E fui pelo zoom adentrando pela imagem afora.

Cada aproximação do foco, algo de novo ia se abrindo.

No princípio era tudo verde e azul.

Agora era uma vista linda de terra,

Matas e plantações.

Aproximei mais um pouco e começou a surgir uma cidadezinha.

Mais um pouco do foco e apareceu o nome de São Francisco.

Era o norte de Minas Gerais, o local onde eu estava visitando.

Aproximei mais e comecei a ver umas vielas de terra,

Outras calçadas e um majestoso rio ao lado da pequena freguesia.

O zoom parou por aí, não consegui aproximar mais.

Mas isso já me deixou impressionado.

Parecia uma riqueza enorme ao lado de uma pobreza encorpada.

Abundancia de vida ao lado da morte eminente.

Alguns dias depois,

Um amigo meu disse-me que esteve numa pequena vila no Norte de Minas, chamada São Francisco.

Perguntei logo a ele como era lá e ele foi descrevendo as imagens que trazia na mente.

“- É uma vila muito pobre, as pessoas vivem da pesca e da mandioca.

As ruas são sempre desertas, apenas algumas crianças e algumas lavadeiras com bacias nas cabeças que trafegam pelas vielas por entre mangueiras.

Nos alpendres ou soleiras de portas fica os idosos esperando o dia passar.

O único barulho forte que há na cidadezinha é o toque do relógio da matriz.

Mas até este passa despercebido pela população sertaneja daquele local.

É uma comunidade que só sai do normal quando entra um carro diferente passando devagar por entre jegues e crianças que brincam pelas alamedas daquele lugar.

Infantes queimados pelo sol ardente que seca as terras e a areia das margens do Velho Chico”.

Ouvindo a sua descrição, arquitetei o que vi pelos meios sofisticados de comunicação que hoje temos em nossas mãos.

Mesmo através das imagens de satélite em tempo real,

Esses lugares sofridos de nossa gente,

Não conseguem mostrar alegria e beleza.

Conceba tudo isso aos olhos de quem foi lá.

Imagina os corações de quem mora lá.

Idealiza os sonhos que quem sabe que jamais vai sair de lá.

E aprecie a consciência daqueles que vivem prometendo que tais lugares vão melhorar.

Velho Chico, alegrias e tristezas, vidas vividas em suas margens!

É isso.

Acácio.

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/10/2007
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