Mantenham a Distância!

Depois do uso quase obrigatório do "tapa-bocas", ou máscara de proteção, percebeu-se o advento de um silêncio nunca antes visto. Quando muito, há um murmúrio, porque é desconfortável conversar com aquilo, principalmente para quem usa óculos como eu. Embaça. Por isso o silêncio é quase que imperante. As pessoas mascaradas falam menos, escutam e olham mais, ou seja, a fofoca presencial, além de imoral, agora é desconfortável. As pessoas vão cair, como já estão, dentro do universo virtual. Alguns estão enlouquecendo, outros se curando, o medo é natural, pois a dúvida e a incerteza sobre esta "peste" perdura e não se sabe até quando.

O vírus e o consequente uso do tapa-bocas fez os olhares se destacarem, aguçou a audição e a atenção das pessoas que durante toda suas vidas estiveram acostumadas com o cumprimento de mão ensebado, o abraço suado apertado, o beijo lambuzado no rosto da criança, as orgias descompassadas dos amantes, as festanças pagãs dos delirantes, os esfrega-esfrega nas calçadas, esbarrões, trombadas. Até viram a cara para o lado, se afastam uns dos outros (não por maldade, obviamente), tomam banhos diários, e isso imagino ter sido o auge da felicidade dos misantropos e orgulho para qualquer ermitão urbano ou filósofo de barril. Agora ao menos podem bradar com propriedade:

"Nós avisamos! Vocês deveriam ter feito o que fizemos há séculos, por bons hábitos, um novo modo de vida, de pensar e enxergar as pessoas e o Mundo. Que o distanciamento seja físico, mas que a empatia e o amor ao próximo seja fundido e difundido. E mantenham a distância!

SAvok OnAitsirk ___

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 22/05/2020
Reeditado em 22/05/2020
Código do texto: T6954795
Classificação de conteúdo: seguro