AS CRIANÇAS E O COMBATE AO CORONA VÍRUS

Não tenho solução mágica, resposta pronta, como nenhum especialista possui, tanto quanto tenho lido e analisado. Não ocupo cargo que me abasteça de dados e assessoramento multidisciplinar, mas a experiência me conduz inexoravelmente ao pensamento de que a quarentena prolongada afeta as nossas crianças, que nem no grupo de risco estão. Ao menos, em grande parte. Se eu - que sou bem grandinho e gosto do recolhimento, tenho desconforto e, inclusive, frequentes pesadelos - imagino a cabecinha dos pequenos - cheios de energia e imensa necessidade de interação. Cuidados são essenciais, mas a superproteção e o império do medo não podem alimentar restrições excessivas de políticas públicas que acabem gerando problemas psicológicos sérios no futuro. É claro que esta ponderação não seria pertinente em centros carentes, desapetrechados e submetidos ao auge do ataque virótico, o que não é o caso de Porto Alegre, por exemplo. Bem, o amanhã é incerto, concordo, mas tudo é incerto na vida. Acho complicado criar os filhos dentro de uma bolha. Quanto tempo para a disponibilidade de vacina eficiente? Não me sinto apto a defender tal ou qual solução, mas creio que merece mais atenção o universo infantil e suas peculiaridades. O temor dos pais, ainda que compreensível e justo, não pode sacrificar os filhos sadios. Há muitos outros valores em jogo. Não preconizo nada, apenas externo uma preocupação mais aguda para que reflitam bem, com toda a profundidade que a matéria exige.