Densidade

Paz e bem, gente. Hoje, como de costume para os dias que preciso ir ao mercado, fui bem cedo para pegá-lo vazio, no horário de abertura. Comprei o que precisava e saí rapidamente, e quando cheguei a casa, percebi que tinha me esquecido de algo, mas isso é normal para mim – esquecer-se de algo. No caminho de volta, decidi-me ir à padaria da rua de trás e, no caminho, notei uma fila gigantesca que já estava com cerca de seiscentos metros de distância.

Essa fila era para o atendimento na Caixa Econômica Federal – auxilio emergência – e, levando em consideração que o momento era por volta de 7h30 da manhã e o banco abriria às 10h, aquela fila iria ficar ainda maior e mais aglomerada do que estava. Além disso, o tamanho da fila poderia estar ainda maior caso a distância recomendada entre pessoas estivesse sendo respeitada, o que não era o caso. Enquanto isso mais pessoas iam chegando e se assustando com aquele problema que enfrentariam.

O povo necessita desse dinheiro e agora é a hora de pegá-lo, pois a situação irá piorar ainda mais com o avanço desse vírus, mas torço para que o serviço na Caixa seja rápido e essa multidão de gente retorne as suas casas o quanto antes.

Eu, que venho de um município do interior do Espírito Santo, sempre me surpreendo com outro fato que é comum por aqui, a quantidade de gente que há nas cidades grandes, nas populosas. Percorri a fila e não vi uma pessoa conhecida sequer, e olhando as faces, que já demonstravam receio em relação ao tempo que permanecerão ali, surge uma curiosidade em saber onde cada um vive. Quais são os bairros e as condições que vivem cada um desses.

Em meu lugar de origem, para que compreendam melhor a diferença, para verem uma quantidade dessa de gente junta, somente em período de festa, e a grande maioria das pessoas são conhecidas, pelo menos de já tê-las visto em algum momento. Lá, quando alguém desconhecido passa pelo seu bairro, as pessoas logo sabem que se trata de alguém de fora da cidade. Atualmente, percebo e sinto isso na pele quando lá vou de férias, pois após tanto tempo longe, muitos também não me conhecem e me olham dos pés à cabeça. Entenda, quando fizerem isso contigo, eles não fazem por quererem expurgá-lo dali o quanto antes; fazem isso pois gente do interior possui uma ingenuidade que se confunde com inconveniência, e isso não é por mal.

Há muita gente em cidade grande e isso ainda é muito diferente para mim, e perigoso, principalmente neste momento em que o ideal é que não haja aglomeração de pessoas.

John Canere
Enviado por John Canere em 22/04/2020
Reeditado em 25/04/2020
Código do texto: T6925175
Classificação de conteúdo: seguro