OS ESTRANHOS CAMINHOS DA APRENDIZAGEM

Sempre ouvi dizer que todos aprendemos, de um jeito ou de outro. Que alguns aprendem com maior facilidade, naturalmente; outros, porém, têm que apanhar para se endireitar na estrada da vida. Mas há aqueles que parecem fugir à regra, porque deixam a impressão de que jamais aprendem, mesmo apanhando e apanhando muito.

Quem há que não conheça pessoas naturalmente boas, amáveis, generosas, solidárias, sempre dispostas a estender a mão a um semelhante? E outras, ao contrário, péssimos exemplos de seres humanos?

Quem já não ouviu alguém dizer, que só depois de um sério acidente, de uma grave doença, de uma delicada cirurgia, foi que passou a valorizar a vida, os bons momentos, os amigos, a família? Que foi, a partir daí, que começou a acreditar em Deus, a sentir a necessidade de ser um ser humano melhor e a ter fé?

Por que, só depois de uma grande provação, de ter apanhado e não antes?

Paula tem 50 anos e está fazendo tratamento oncológico. Segundo os médicos, já sem chances de cura, posto que a metástase se espalha com rapidez por todo seu organismo.

Ela tem consciência de que a morte é iminente, mas diz que não está sofrendo, pelo contrário, está muito bem, tranquila, animada, feliz; que o câncer lhe mostrou, de forma contundente e radical, a finitude da vida, coisa sobre a qual jamais havia parado um segundo para refletir. Era arrogante, orgulhosa e fútil, capaz de passar por cima de qualquer um para satisfazer sua vaidade. Hoje, valoriza a vida, aprendeu o que é o amor e a fé; o que é fazer o bem, ser caridosa. Com certeza é outra pessoa, muito melhor e agradece a Deus.

O exemplo de Paula ilustra bem o que acontece com aqueles, cuja aprendizagem só ocorre quando a ampulheta está deixando cair o último grão de areia. Às portas da morte, é que decidem fazer sua reforma íntima. E ainda bem que o fazem.

Os que morrem sofrendo e praguejando, estão na lista daqueles que, aparentemente, nunca aprendem, mesmo apanhando. Ou será que aprenderão, numa outra dimensão da existência? Porque, se assim for, então, somos, de fato, todos aprendentes. Se não aprendermos aqui, aprenderemos lá.

MCSobrinho
Enviado por MCSobrinho em 17/04/2020
Reeditado em 16/07/2023
Código do texto: T6920319
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