TEATRO DE REVISTA > NESTOR TANGERINI

1934

DA CASA DO CABOCLO À PARCERIA COM ALDO CABRAL

Em 1934, Nestor Tangerini escreve uma revista para a Casa do Caboclo, legendário teatro carioca, na Av. Rio Branco, onde muitos artistas e muitas Companhias Teatrais brilharam ou fracassaram. Infelizmente, dessa peça, restou apenas o esquete Minha santa sogra. Nem mesmo sabemos o nome do espetáculo e quem nele trabalhou. Todo esse material se perdeu em 1966, em meio a duas tragédia: 1) Tangerini, muito doente, com câncer, se despedia de familiares e amigos; 2) as enchentes de 1966 atingiram um quarto nos fundos da casa, onde Tangerini guardava seus manuscritos. Muitos desses documentos tornaram-se uma lama de papel.

A PARCERIA TEATRAL NESTOR TANGERINI - ALDO CABRAL

Ainda em 1934, Nestor Tangerini conhece Antônio Guimarães Cabral, o compositor, poeta e teatrólogo Aldo Cabral [pseudônimo], sócio fundador (cotista) da UBC (União Brasileira de Compositores) e, neste ano, escrevem juntos Pra Deputado, Revista em 1 prólogo e 2 atos, com número de músicas do maestro Benedicto Camargo e duas apoteoses. A peça, sob os cuidados da Cia. Teatral Grijó Sobrinho, é encenada no palco do Teatro Renascença, próximo ao Jardim do Méier, bairro suburbano do Rio, em 9 de outubro daquele ano.

Cabral, que nasceu no Rio de Janeiro a 3 de fevereiro de 1912, era filho de Anna Albertina Guimarães, natural do Porto, Portugal, de onde veio, aos 6 anos, e de Antônio de Farias Cabral, 3º Sargento da Polícia Militar, natural do Estado de Alagoas. Aldo, que perdeu o pai aos 10 anos, herdou o amor pela música popular de seu avô materno, o maestro José Augusto Corrêa Guimarães.

Escreveu perto de 60 canções com Benedicto Lacerda, Herivelto Martins, Ataulfo Alves ( parceiros mais constantes), Castor Vargas, Lacy Martins, Kid Pepe, Medeiros Neto, Cícero Nunes, Jorge Gonçalves, Severino Araújo, Georges Moran, Murilo Caldas (irmão de Sílvio Caldas), Waldemar Gomes, Oscar Bellandi, George Brass, Severino Rangel (Ratinho) e Roberto Martins. Seus maiores sucessos foram, sem dúvida, Bom dia, de parceria com Herivelto, gravada por Dalva de Oliveira, Maria Bethânia e Elza Soares; Despedida de Mangueira, com Lacerda, por Francisco Alves, Colúmbia discos, em 21/11/1939; Mensagem, com Cícero Nunes, por Isaura Garcia, RCA Victor, em 19/10/1945; Boneca, com Benedicto Lacerda, por Sílvio Caldas, Odeon, em 15/06/1935, e Samba dos sete erros – homenagem ao Prof. Nestor Tangerini -, com Murilo Caldas, cantada por Aloísio Pimentel, escrita em 1956, para um concurso e apresentada todos os domingos, entre as 10:00 e 10:30 horas, no Programa Alô Memória!, de Paulo Gracindo, na Rádio Nacional de 18 de março até 17 de junho de 1956.

Aldo Cabral deixou, ainda, outras canções, que figuram nas História da Música Popular Brasileira.

Do livro Perfil quase perdido, de Nelson Marzullo Tangerini, Biblioteca Nacional, 2000.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 11/04/2020
Código do texto: T6913562
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.