Por falta de ocupação
    De tanto escrever textos e mais textos, engasguei-me comigo mesmo, tal qual a Dilma Rousseff. E se por falta de outra ocupação já escrevi demais, a ponto de ficar enfastiado, melhor seria não ter escrito nada. Agora, sobretudo, é chegado o momento de procurar o que fazer — isso vale também para quem lê e se ocupa dos meus textos.
     De minha parte, vejo que todo esse isolamento é enfadonho, mas não sem algum propósito: melhor ficar em casa do que morrer de graça. Mas, ficar quieto, sem fazer nada, só na preguiça?
     Um sujeito tão desassossegado como eu, agora trancado dentro de casa. Meio impaciente, levanto do sofá, sinto que é preciso fazer algum proveito do meu ócio. De tanto tédio, dá vontade de tomar algumas geladinhas. Ah, isso é o que se chama de boa ocupação, gastar o tempo com essas coisas é tudo de bom. De repente, um sinal de alerta, dentro dos meus miolos, porque tomar geladinhas já não é para o meu bico. Os tempos são outros, o momento é de muita parcimônia, de bico seco mesmo. E pela falta de geladinhas, volto a escrever, apenas para deixar aqui o meu protesto.
     Disse outro dia, que nada mais no Brasil me causava espanto: estava errado, porque certas coisas me deixam perplexo. Ao ver carreatas e mais carreatas de empresários reivindicando a volta da normalidade no país, espantei-me. E de tão espantado, nem mesmo sei o que dizer.
    Muitos desses caras, além de grandes sonegadores de impostos, vivem às expensas dos favores do governo e do trabalho escravo das pessoas. Não bastasse isso, eles agora querem sacrificar vidas, querem a ciranda da fortuna sempre em movimento, a qualquer custo e preço — mesmo que, para isso, milhares de pessoas tenham que morrer. Por isso, sem mais delongas, quero deixar um pequeno recado pra eles: -- Vão se lascar, senhores!
JOTA SANTIAGO
Enviado por JOTA SANTIAGO em 29/03/2020
Reeditado em 31/03/2020
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