Bolsonarismos, Lulismos e humorismo no whatsapp.

Hoje difícil é não ter alguém que não faça parte de algum grupo no whatsapp. Parte dos costumes novos tempos que são disseminados entre pessoas de diversas atividades. Existe grupo do trabalho, da família de turmas de áreas de convivência de relacionamento que cada um se insere.Particularmente tenho dificuldade de sair de algum grupo mesmo que seja de uma turma de pós graduação de cinco anos atrás e que raramente se coloca algum comentário pois o tempo de convivência e de assuntos em comum já não são os mesmos. Um dos assuntos que acabam fazendo parte de todos os grupos, principalmente quando não se coloca restrição são os que falam de questões políticas. Chama a tenção a quantidade de amizades que são rompidas e até de familiares que não se favam tanto quando não havia essa tecnologia, mas que passaram a se odiar devido a comentários políticos, e até aos chamados "memes" que acabavam de certa forma destruindo os laços entre algumas pessoas. Vejo com certa curiosidade o porque de ocorrer de algumas pessoas que por exemplo defendem o Lula, tomarem como agressão e abandonam os grupos criando uma ruptura em vínculos de amizade e as vezes familiares por causa de divergências em relação a ideia de outro que no caso nutrem pelo atual presidente, Bolsonaro, uma maior simpatia. Vejo com certa curiosidade o porque algumas pessoas chegam a tal rompimento desses vínculos apenas por não aceitar uma brincadeira, ou uma opinião diferente, e analiso mais pelo lado da questão do humor pois em questão dos "memes" a criatividade parece não ter limites. A questão que mais me intriga é razão de algumas pessoas levarem esses gracejos de forma tão veemente e radical. Cito aqui o exemplo de que este fato ocorre também com outro tema muito comum nesses grupos que é o futebol, e da mesma forma alguns não aceitam e criam inimizades por uma mera gozação. Ainda questiono o porque o humor de alguns não aceitam e o porque o de outros levam simplesmente como dizem os jovens: "na boa".Lembro de outro dia quando da comemoração do dia do ortopedista em um grupo da turma de formatura em medicina, um colega de outra especialidade colocou um "meme" com uma furadeira e uma chave de fenda parabenizando a especialidade e enquanto eu como alguns outros da área ortopédica levaram para a gozação, como por exemplo imaginando quando fosse o dia do urologista, ou do ginecologista, qual seria o "troco" da brincadeira, ou qual o desenho seria colocado para homenagear os gaiatos, outro colega de turma, também ortopedista nitidamente não gostou da brincadeira com aqueles desenhos de associação da especialidade com chaves e parafusos, furadeiras e logo postou:

-Opa estão pegando pesado, isso não tem graça nenhuma.

Logo entendendo a mensagem pararam imediatamente com as postagens.

Interessante que enquanto uns acharam normal, outro não teve o mesmo senso de humor e respondeu imediatamente.

A dúvida é porque pessoas de mesma formação,com tanto em comum, mesmo grupo,com reações tão diversas? porque uma entendeu a graça do "meme" e outro reagiu de forma tão ríspida?

Outro intrigante exemplo ocorreu comigo ao enviar o mesmo "meme" para dois colegas de aproximadamente a mesma faixa etária, ambos próximos aos 65 anos, e um já tendo tido cargo de relevância na cooperativa de nossa cidade enquanto outro está neste mesmo cargo,sendo que os dois são apreciadores de um bom vinho, o que me motivou ainda mais a enviar referido "meme", para os dois com perfis muito parecidos.

O whatsapp o qual enviei, constava o seguinte:

Uma mulher de trajes íntimos,de costas e segurando uma garrafa de vinho, no letreiro embaixo dizia:

VOCÊ SABE SE ESSE VINHO É BOM?

Óbvio que o que estava sendo realçado é a silhueta perfeita da modelo.

Assim enviei aos dois ao mesmo tempo. Ao atual chefe e outro o ex-chefe, com os seguintes dizeres:

FULANO, VOCÊ SABE SE ESSE VINHO É CARO?

Enquanto um respondeu com uma frase com bom humor dizendo maliciosamente:

OLHA SE É CARO EU NÃO SEI, MAS EU PAGAVA O PREÇO QUE FOSSE POR ELE.

Entendendo dessa forma na brincadeira, sem contestar o conteúdo da clara alusão ao belo "bum-bum" da modelo.

Ao contrário, o outro amigo,não esboçou nenhuma resposta via celular, só me respondendo pessoalmente, já algum tempo depois quando nos encontramos, e com uma cara de quem não gostou, disse:

-Olha, não manda essas coisas para mim não, pois quase apanhei da mulher quando ela ao acaso foi olhar minhas mensagens.

E de forma séria,completou:

-Evita me mandar essas coisas.

Verdade é que fiquei desconcertado com a reação do atual diretor, e mesmo tendo ele como uma pessoa de boa convivência, apreciador de uma taça de vinho e até de uma cachacinha, jamais imaginei essa reação.

Fica pertinente a reflexão sobre a resposta ao humor, não só através da tecnologia, mas também do entendimento que, o que para uns é plenamente aceitável, para outros pode ser difícil de digerir, independente do tema.

O mais complicado é saber em um grupo grande de pessoas, sendo o assunto futebol, política ou outro qualquer, até onde vai a aceitação daqueles que pensam de forma diferente?

Imagino que este é mais um motivo para intensificar o estudo da empatia, que nada mais é que tentar entender o que o outro pensa.

Qual o limite aceitável de brincadeira?

Até onde vai o entendimento que a postagem é apenas uma forma bem humorada de viver?