CULTURA E EDUCAÇÃO

"Sem cultura não há educação" - frase de Fernanda Montenegro.

Discordo da reverenciada "Dama da Cultura Brasileira" com a seguinte analogia: Cultura não é premissa da educação. Berço e escola fundamental sim. Cultura é refinamento, é o verniz e conservação da mobília. Importante mas não imprescindível para que a mobília cumpra sua finalidade como mobília.

Temos que investir no núcleo familiar, tipo família acima de tudo e de todos, e na escola fundamental, que são as bases de uma sociedade promissora e sadia. Assim fazendo, colheremos os frutos a curto prazo, com melhores cidadãos, sejam profissionais médicos, juristas, engenheiros, comerciantes, donas de casa, jornalistas e até políticos.

Lembrando que a criança de agora, daqui a 20 anos será um adulto e que, dependendo do investimento que façamos em sua família e em seus estudos, teremos uma pessoa do bem ou do mal. Pode ser um universitário, um trabalhador ou um marginal. Temos que dar oportunidades para depois não lamentarmos e dizermos como é dito "coitado, é marginal por falta de escolha - é uma vítima da sociedade!". Coitada é a sociedade que se desculpa dessa forma. Temos que investir no ensino acadêmico, nas pesquisas, nas universidades, sim. Mas não podemos esquecer da base.

Uma boa base fará com que em dez, quinze ou vinte anos as universidades tenham estudantes que estudem e não façam do local a república da anarquia, do narcotráfico, dos laboratórios de drogas e plantações de maconha, que servem para abastecer o "mercado" e para regar as festas dos nudes e desnudes. Qualifique-se a partir de agora, como o governo atual está tentando, os alunos que serão os mestres de amanhã e teremos uma universidade mais limpa, mais nobre e atendendo as necessidades e anseios de uma sociedade em evolução (para melhor).

Julgo que o atual governo, no desmonte do "ninho das baratas", vem propiciando ou tendo as melhores intenções de fazer esta dedetização e/ou profilaxia.

Fazendo uma ponte entre o que estava "conversando com a Fernanda Montenegro" e a preocupação do atual governo, não com a cultura mas sim com o ensino, passo para outra observação propiciada pelo programa Roda Viva neste final de ano (2019):

Uma jornalista da Folha de São Paulo questionou três de nossos "modernos filósofos" sobre como perdoar no Natal o seu pai por ter ele, o pai, votado no Bolsonaro.

Ora, pensei, o pai dela pode estar com o mesmo dilema. Como perdoar a filha por não ter acompanhado o seu.voto? Os "filósofos" se saíram bem, usaram de sua verve, verniz, analogias e silogismos e conduziram "diplomaticamente" ser a posição de um e de outro (pai e filha) resultado de uma escolha democrática, ficando o respeito subtendido. Um deles até brincou que o tema não é dos mais propícios para ser colocado à mesa nos festejos de final de ano. Eu, tentativa de protótipo de filósofo aprendiz, vou reforçar minha filosofada: "família acima de tudo e de todos!". Mesmo que desgastada, em frangalhos, fragmentada nos últimos anos... É hora de juntar os pedaços e tentar harmonizar. Pela família. Não pela política, crença, fé, fanatismo ou propensão ao fracassado e quase em desuso "politicamente correto", posto que são estes os entraves dos embustes da agora "política progressista" (ou não) que atrasam o nosso desenvolvimento econômico, político, cultural, psico social e espiritual.

Que o Ano Novo (2020) venha com novos tempos, de fraternidade, harmonia, compreensão, altivez e honestidade. Que tenhamos paciência com os outros para que eles também no aguentem.

FELIZ ANO NOVO! Que do passado tenhamos as boas recordações como estímulo e as ruins como experiência para não repeti-las, e que saibamos distinguir entre uma e outra.

Armand de Saint Igarapery - textos no Face e no Recanto das Letras - também em livro

Igarapé - dez/2019