Para todas as Anas passantes...e todos os apaixonados expectantes....

Cheiro de rosas frescas, colhidas no jardim. Olhos cor de âmbar, vestida de jasmim. E todo dia, pelas quatro, pelas cinco, findando à tardinha eu a via passear. Ela passava e alegrava o meu dia. Mal sabia da felicidade que eu sentia só em vê-la grassar. E quem a ver passar, jura e diz, meu bem: “ela tem um amor”. E quem diria, quem diria... que Ana era sozinha. Quem diria, meu bem...que Ana não tem ninguém. E não importa o trabalho, não importa a freguesia, se era um rei que eu atendia, eu parava só pra vê-la desfilar. Qual fosse a hora, o tamanho da agonia, quão ruim fosse o meu dia, tudo se abrandaria só de vê-la caminhar. E ela passa assim, caminha quase que flutua, vem andando pela rua, sorrindo e dando bom dia. E de novo, meu bem! Quem diria, quem diria... quem ousara imaginar, que Ana era sozinha! Quem diria, meu bem, que Ana não tem ninguém. E hoje o dia é triste, não tem sol e não tem lua. Não passou por essa rua quem costumava passar...