E SE FOSSE CADA UM POR SI E DEUS POR TODOS?

Quando leio jornais diariamente e ouço noticiários, às vezes, tenho dúvidas se o ser humano é realmente um animal racional. Aliás, não é preciso ir muito longe para isso. Não raras vezes em minha profissão acompanho, por exemplo, casos de exploração sexual. E por mais repugnante que possa ser, são constantes as prisões de homens que cometem abuso de crianças e adolescentes. É uma situação tão cruel que realmente ficamos perplexos e indignados só de pensar que alguém em sã consciência pudesse cometer atos tão selvagens e de tamanha atrocidade. Está no artigo 217 do Código Penal e prevê pena para o autor: de 08 a 15 anos de prisão. Noutro tempo, no século XIX, não sem razão, afirmou o renomado escritor russo, Fiódor Dostoiévski que “compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas”.

Thomas Hobbes, um renomado filósofo inglês do século XVI acreditava que “o homem é mau; o homem é o lobo do homem”. Ele perpetrava uma visão negativa, pessimista da natureza humana. Expunha que o homem almejava se tornar um ser social, mas logo a sua natureza o traía. Em contrapartida, o filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau defendia a tese de que “o homem é, naturalmente, bom, a sociedade é que o corrompe”. Rousseau glorifica os valores da vida natural, a liberdade de que desfrutava o selvagem e ataca a corrupção, a falsidade, a avareza, o artificialismo e os vícios da sociedade civilizada. Daí o mito do bom selvagem. Há uma contracepção na visão original desses pensadores do que poderia se tornar o homem em sua idade madura, quando deveria servir a sociedade para o melhoramento da raça humana. Em outro raciocínio percebemos claramente que se há normas sociais, há essencialmente um contrato social.

Nesse entendimento, compreende-se em expresso resultado que onde não há princípios, não há referências de comportamento e existe somente, como disse o escritor brasileiro, Mário de Andrade, “cada um por si e Deus por todos”. Por conseguinte a desordem, a maldade, a falsidade penetra a inconsciência. E o que pode restar é a guerra, a sobreposição de um ser pelo outro sem a mínima piedade. Por isso é essencial o papel da prática espiritual, pois conduz o ser humano a uma compreensão divina e prospecta que não somente aquela imediatista, superficial e material. O exercício do comportamento inteligente nas relações e nas sociedades em que congregamos leva o homem a uma purificação mental e devota para que ele possa se conduzir em meio aos grupos sociais. Aqueles que não se alinham a essa compreensão, pagarão um alto preço, ou seja, serão presos, punidos e enjaulados quase como animais irracionais. Tudo isso por não atenderem ao anseio de perpetuação positiva e humana de um ser sensato e delegado em deixar o seu círculo social um pouco melhor mesmo com a sua efêmera existência e passagem por este mundo físico.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 30/11/2019
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