No meio de tantas lembranças me veio esta, uma situação que vivi a alguns anos atrás, para ser exato, a vinte anos atrás.

Vamos rir!
 
Num determinado tempo da minha vida, eu sentia muitas colicas menstruais e passei a ter hemorragias, meu ciclo durava semanas e até meses. Eu fazia tratamento para fertilidade, tinha endometriose, e muitas vezes tinha que tomar injeções para conter o sangramento.
Lembro que passei a noite e madrugada com muita dor e quando amanheceu meu esposo me convenceu de ir para o hospital. Só que não tinhamos carro no momento.
 
Meu irmão mais novo tinha um carro, os meus cunhados, os meus vizinhos, o pastor da nossa igreja e muitos irmãos da igreja também tinham carros. Mas não tinha ninguém por perto disponível naquele dia e não tinhamos nem dinheiro para chamar um taxi.
 
Meu esposo saiu e disse que ia arrumar um jeito de me levar ao hospital, numa cidade proxima a que nos moramos, isso porque eu queria ir para este hospital, caso precisassem me operar de emergencia. (Eu fazia tratamento com um médico particular que atendia neste hospital e chegou a um ponto que ele me disse que seria a última tentativa de um tratamento antes da cirurgia de uma histerectomia).
 
Eu tomei um banho e fiquei aguardando. passado alguns minutos ele voltou e me disse que tinha conseguido alguém para me levar.
Eu ouvi a voz de um homem dizendo: Falou para ela que meu carro não é novo?
Eu pensei comigo, mas como assim, estamos com sorte de ter alguém com um carro para me levar e vou escolher se é velho ou novo.
Meu esposo me conduziu até o carro e o rapaz insistia com ele de me informar que o carro não estava lá uma grande coisa.
Quando entrei dentro do carro, visivelmente sujo, eu pensei, fazer o que?
Quando fechei a porta tive a empressão que algo tinha saido do lugar, para dizer a verdade, pensei que o carro ia ficar para trás, e então com o carro já em movimento procurei o cinto de segurança e o rapaz me disse que não tinha. Tudo bem, eu preciso chegar ao hospital.
Eu estava no banco da frente com o motorista e meu esposo no banco de traz, eu fui colocar a bolsa no fundo do carro, entre meus pés, e o rapaz gritou: Não faça isso, leve na sua mão.
Eu peguei a bolsa num susto e ai veio junto um pedaço de papelão que estava ali, que susto meu Deus!
Abriu um buraco ali, tive que abrir as pernas e colocar os pés a onde tinha lataria.
Eu pensei comigo, como assim?
Se este carro tiver que freiar e eu não conseguir ficar com o pé no local, eu vou freiar com meus pés igual os Flintstones. Meu Deus, eu vou perder meus pés.
Graças á Deus cheguei sã e salva no hospital, e agradeci o rapaz generoso.
Ele perguntou se queria que me buscasse depois.
Eu agradeci mesmo e disse que não precisava.
 
Naquele dia fiquei internada por uma semana e quando sai outra pessoa me buscou.
E um ano depois passei por uma histerectomia total, enterrando minhas dores e o sonho de ser mãe.
 
 
Mas tudo bem! Deus sabe o que é melhor para todos.


O rapaz do carro?
Ele foi abençaado com um carro mais novo e depois de anos ele circula com um carro zero. E dos chiques viu. (Toda bondade é recompensada)