PERIPÉCIAS DA VIDA

Não sei o porquê, mas depois que iniciei tratamento psicoterápico, tem-me ocorrido lembrar de fatos bem antigos, já há muito sepultados e que teimam em aparecerem bem nítidos.

Devia ter uns sete anos. Gostava de acompanhar meu pai à feira na cidade para vender verduras. Saímos de madrugada, de carroça. Certo dia, meu pai esqueceu o isqueiro, parou a carroça e retornou a pé para buscá-lo. Fiquei sozinho na carroça na escuridão se bem que a pouca distância da casa. De repente, algo assustou o cavalo e ele saiu numa carreira pelo pasto. Até que o lado da carroça bateu num toco e tombou. Cai entre as verduras, sem me machucar. Meu pai chegou apavorado. Recolheu as verduras e assim mesmo não desistiu de ir à feira.

Outro dia, fomos vistoriar o local do acidente: há uns cem metros, havia um enorme e profundo buraco...Salvei-me por pouco...

Lá pelos doze anos, acompanhei um amigo numa oficina mecânica. Estava observando o trabalho do pessoal, próximo à máquina de soldar, tubo de oxigênio etc. O dono da oficina que estava um pouco distante tentando acender o maçarico gritou para mim: abra essa torneirinha que está ao seu lado...É só girar...Não achava torneirinha alguma. Ele veio resmungando e disse: -É esta e girou a peça...Nisso houve uma explosão. Que me deixou atordoado e os ouvidos zumbindo por bom tempo...Pior foi para o patrão: perdeu a mão direita...

Quando me vêm essas imagens do passado, sempre ergo as mãos para a Mãe Querida por ter-me protegido.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 25/09/2019
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