Qual a diferença entre MPB e Música Cafona?

O tema é controverso, pois envolve estilo, letra, a até a maneira como a canção é arranjada e interpretada. Na verdade, não há um marco que separe a água do vinho. Mas, por ser música popular, lembremo-nos que é exatamente por ela ser “Popular” é que é a preferida pelo grande público. Quem foi mais ouvido e ainda está na lembrança dos brasileiros com mais de cinquenta anos, Roberto Carlos ou João Gilberto? E antes que você se responda: Fernando Mendes é brega e Caetano Veloso não, mas este interpretou uma canção daquele tida por brega e aí?

A música romântica que tinha o nome de cafona, e retratava casos de amor e paixão mal resolvida, passou a ser rotulada de dor de cotovelo, depois brega e por último sofrência. Então posso afirmar: A maioria é Brega! basta observar que o amor e o desamor são os temas mais cantados em música popular desde as primeiras gravações no início do século XX.

Uma coisa é o romantismo para se ouvir e outra são os estilos, Calypso, Axé e Funk, feitos para dançar.

Reginaldo Rossi assumiu o rótulo de Rei do Brega. Afinal que é Brega? para alguns é um lugar de prostituição.

Através da EBM de Marcos Antonio Marcondes, o Brega é caracterizado como a música mais banal, óbvia, direta, sentimental e rotineira possível, que não foge ao uso sem criatividade de clichês musicais. O estilo teria estruturas sonoras organizadas e mantidas sem oposição, provocando nos ouvintes uma pasteurização em que todos os arranjos ganham um mesmo assobio.

Há especialistas, no entanto, que divergem da rotulagem Brega e atacam a marginalização dos artistas cafonas na historiografia oficial da música brasileira, escrita por uma categoria privilegiada que assume a função e o papel dos legitimadores do gosto que descarta músicos e tendências musicais não condizentes com suas perspectivas identitárias. Para Paulo Cesar de Araújo, o Brega está no limbo da história, amparado em marcos historiográficos, que teria estabelecido que toda produção em que o público de classe média não identifique tradição (Raízes do Samba) nem modernidade (Bossa Nova e Tropicalismo) é rotulada de Cafona. Mas deve haver um jogo de hierarquias culturais, onde o imaginário do belo sempre é pensado pelas instituições da hegemonia dentro de uma legitimação dos grupos dominantes, o que explicaria a relação da música Cafona ao mau gosto como algo oriundo de um processo de estruturação de classes que tende a beneficiar determinados grupos em particular.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 23/08/2019
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