MAL DO SÉCULO

     
     O panorama em frente ao mar é exuberante. Mar calmo, gaivotas pairando no ar, alguns barcos vistos a distância, os banhistas aproveitam para um banho de sol, enquanto outros mergulham nas águas geladas, observados por vários curiosos que passeiam de um lado para outro, próximo as bordas da praia molhando seus pés nas areias.
     No apartamento bem luxuoso em um dos prédios mais cobiçado da Avenida Atlântica no Rio de Janeiro, a filha de empresários bem sucedidos e conceituados no mercado de trabalho, a jovem Adriele passa seu dia presa as redes virtuais e sociais isolada no seu quarto, saindo apenas para pequenas refeições e banhos diários.
     A matricula da Faculdade de Engenharia Civil está trancada por algum tempo; os amigos não falam as mesmas línguas que ela, e as mensagens no WhatsApp são bastante corriqueiras como esta: “tenho um baú chamado coração, dele transborda o único tesouro que possuo e que posso te oferecer, o meu AMOR!!!”.
     Outras vezes tem enunciados cômicos: “as vzes sinto vontad de t ligar e ouvir a tua voz!!! Mas vem uma voz do alem m dizendo... SALDO INSUFICIENTE”. “bm dia! t amo!” “to cum xaudade.” “t admiro e t considero pa Kct! otimo dia pa ti! Bjinhos.”
     Com o passar do tempo os pais de Adriele percebem que dentro de casa não há mais diálogos e companhia para o jantar de todas as noites, pois nessa correria do dia-a-dia falta momento agradáveis em torno da família, pois a volta para casa torna cansativa e demorada por causa de alguns sinais de trânsitos quase que repetitivos em cada esquina, e as buzinas ensurdecedoras dos mais apressados irritam aqueles que já estão próximos à chegada de sua residência e há pequenos engarrafamentos no local.
     O isolamento da jovem Adriele é notório notado por todos que está em sua volta, mas ninguém quer incomodá-la acham que é coisas da juventude e que se aumentasse a sua mesada seria uma ótima ideia para sair do casulo que a aprisiona.
     No íntimo de seu interior Adriele não é mais a mesma, está vazia, não sorri como antigamente, as expressões faciais estão cansadas de tanto chorar, bolsa de olheiras escuras já aparecem fortemente embaixo de suas pálpebras, e a voz embargada querem pronunciar alguma palavras que são incompreensíveis de entender.
     Parece decepcionada com a vida; a mãe Mirian já não tem mais argumentos para tirá-la dessa situação caótica que a Adriele está enfrentando. Convencê-la a continuar a caminhada e refletir o sobre marasmo que está estacionado em sua vida, é ter muita paciência e controle para não agravar mais o caso.
     O pai Anderson esbraveja: É mal de amor! É a ansiedade adiantada para oferecer sem pedir nada em troca e o resultado está aí! É o aqui e o agora não importa se vou sofrer depois! É o mal desse século!!!
     A jovem agora não tem mais vontade de sair de casa, comer e nem tomar banho chegou num estado deplorável, os telefonemas não são mais atendidos e as mensagens jamais respondidas. Os pais querem levá-la a um especialista, psicóloga para saber o que está acontecendo para chegar a esse ponto.
     Os dias de Adriele passam não corresponder à realidade em sua volta, inventa um mundo imaginário cheio de fantasias e indagações que não foram por ela respondidas, e atraca o pensamento contrário com tudo aquilo que sua mente projeta para sua vida futura.
     Há muito tempo que o ser humano passou não a comunicar-se uns com os outros depois que lançaram as conversas virtuais através da internet; as bocas estão fechadas, os olhos vidrados em todas as curtidas e o distanciamento entre cada indivíduo estão próximos de provocarem um colapso na comunicação.
     Com esse corre-corre que só cessa momentaneamente, não paramos para observar o outro, que mais próximo que o próximo está bem distante de nossas atitudes e ações, não dando importância para os sentimentos enraizados nos corações encobertos por anos e anos ou recente mágoas condizente com as condições que a levaram a isolar-se do mundo, e buscar outras opções sem saber corretamente o final que levaria a desistir de tudo e de todos.
     É como diz o ditado: “Cada um por si e Deus por todos”. O indivíduo já criou uma casca grossa de defesa para todas as palavras que possam rebater, mas não querem mantém vínculos com diálogos abertos que repartem entre si experiências para ajudar a outros a caminharem com mais cautela, porque também já passou por essa batalha e venceu.
     O muro que separam as pessoas são elas mesmas, pois querem que os outros sejam iguais a ela em todos os aspectos: financeiro, emocional e afetivo; por isso que dá tudo errado, pois tem que haver as diferenças para terem equilíbrios, porque polos iguais se repelem, polos diferentes se atraem.
     A raiva é o ódio disfarçado de mau humor, quando aquilo que quero não corresponde às expectativas almejadas; e a infidelidade é um erro para justificar o outro quando ambos erraram no momento em que o casamento já estava indo por água baixo. Então a culpa é de ambos.
     A jovem Adriele está irreconhecível e angustiada. Afinal de conta o que aconteceu para chegar a esse estado tão deplorável e miserável, que incomoda tanto essa fase na flor da juventude?
     “A psicologia: a angústia é a sensação penosa de profundo mal-estar, ocasionada pela impressão difusa de um perigo vago e iminente, ante o qual o indivíduo se sente desarmado e impotente. Em muitas ocasiões é acompanhado de alterações neurovegetativas semelhantes ás que observam nos choques emocionais. A angústia não é, em si, um fenômeno patológico, senão algo inerente á condição humana.”
     Durante meses e meses foram assim até que Adriele resolveu dar fim a sua própria vida. Ao ingerir vários comprimidos para dormir, pois estavam escondidos em um seus guardados o que já havia planejado.
     Quando foram buscar a resposta para tal acontecimento, descobriram que Adriele teve uma grande decepção amorosa e não conseguiu reverter o quadro, a vida foi ceifada sem sequer ter direito de resposta, mais uma chance para continuar a viver.
     Depois de alguns anos o pai Sr Anderson quebra a Empresa por não suportar tanta tristeza e desgosto de não ter dado mais atenção a jovem, quando a mesma estava pedindo socorro silenciosamente. A mãe Mirian não aquentou as fortes pancadas no coração que a levou ao enfarto do miocárdio vindo a falecer. E essa família foi destroçada.
     Podemos ter todas as coisas a nossa volta, mas senão olharmos para os céus e acreditarmos que existe um Deus que nos criou conforme a sua imagem e semelhança, vai tudo desmoronar a nossa frente.
     Você pode ter muito dinheiro, carros importados, apartamento nos Estados Unidos e ter casado com a mulher mais linda dos seus sonhos, mas se todas essas coisas ainda não preencham a sua ansiedade e inquietude, é porque falta o maior amor que é Deus, que preenche todo o nosso ser com a plenitude do seu Espírito Santo, e nos conduz a vida e vida em abundância. Basta você querer!
     E a paz seja convosco!
 
 
    
    
    

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 05/08/2019
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T6713018
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