INSTRUÇÕES PARA FLANAR NO SHOPPING CENTER

Com o advento da modernidade e a constante americanização do paladar do mercado brasileiro, os shoppings-centers surgiram para ficar.

Já que o mal está instalado, levando como um tsunami as lojas e pequenos mercados periféricos, a ordem é aproveitar-se destes mega-empreendimentos.

Não que eu não sinta saudades do minimercado da esquina que vendia desde veneno para baratas até a maionese para o almoço de domingo. Mas, no shopping, se a pessoa for criativa pode até se dar bem.

Pense em que local que você pode pedir um hambúrguer veggie do Burger King e tomar com um razoável merlot chileno, comprado no supermercado. Ou fazer sua higiene bucal comprando os acessórios necessários na farmácia anexa.

Claro que sei que existem lojas de grife com preços pornográficos ao meu bolso. Mas, equilibrando-se aqui e ali, dá para se ter um certo lucro.

Já disseram que o shopping-center reproduz a ideia da ágora ateniense, praça onde as pessoas podiam se reunir e discutir, democraticamente.

Por ora, prefiro usufruir da praça de alimentação e de seus sabores de além-mar. Ou economizar o limpador de lentes, utilizando o banheiro e expondo meus óculos ao potente secador de ar quente.

Quem não fez dessas pequenas navegações capitalistas que atire o primeiro cartão de crédito.

Ou cale-se para sempre.

Ricardo Mainieri
Enviado por Ricardo Mainieri em 30/06/2019
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