SIM, POSSO ESTAR ERRADO! FILOSOFICAMENTE ERRADO

Acabar com filosofia e sociologia, ciências correlatas e afins, ninguém vai conseguir acabar, nem por decreto. Nascemos com estas matérias na matriz, no nosso DNA. A filosofia é o que nos distingue dos animais, já que, penso, de sociologia instintiva eles entendem mais do que a gente e se de filosofia também entendessem seriam, certamente, superiores a nós.

Entendi que o Governo está pensando certo, que a nossa Economia precisa é das quatro operações, e de se expressar com objetividade e clareza. Simples assim? Sim, desde que se saiba nas operações para que servem os parenteses, colchetes, chaves, sinais, exponenciais e seu ordenamento. Ou seja, as equações básicas do comércio e da ciência. E, claro, saber-se expressar com correção no idioma pátrio, para dar um ar sóbrio, de respeito e de certa elegância a quem defende um pleito, quer venda de produto quer de ideias. Exposição oral e escrita é um bom começo para se chegar a uma conclusão ou bom final. E isso, com certeza, é no ensino fundamental que se aprende. O aluno deve sair desse nível sabendo com perfeição essas matérias, e, para que se dê bem, temos que ir um pouco lá atrás, com investimento na educação infantil, onde as crianças vão adquirir o senso de responsabilidade, de convivência em grupos e habilidades que lhes desperte pendores intrínsecos a sua natureza e espírito, o que chamamos de qualidades natas. As crianças devem sair dessa fase com curiosidade pelo que ainda vão aprender nas próximas etapas, mas já sabendo de suas potencialidades e condições de aprendizagem. É uma fase em que se mistura os primeiros passos da vida lúdica com a real, e, naturalmente deve-se ter respeito à terra virgem, constituída pela mente e alma dessas crianças, para que possam trazer para perto o seu espírito que está em conexão com o mundo transcendente, o metafisico (para entender isso, um pouco de Filosofia ajuda!). Proibido, deve ser, nessa fase, levar-lhes elementos de ideologia e religião pois, se os mais velhos nisso estão empenados e emperrados, não vamos querer que nossas crianças cresçam com tendências e defeitos como os nossos. Educação leiga e sem partido é sinal de respeito para com nossas crianças e com os adultos que elas se tornarão.

A fase do ensino fundamental é a que será a base de conhecimento dos jovens para a vida toda, estão na idade da curiosidade aguçada e a inteligência em sua juvenil plenitude, com os mecanismos cerebrais em prontidão para serem acionados, tipo: imaginação, memória, raciocínio, capacidades verbal, abstrata, espacial e lógica.

Sugiro que o que o Governo permita que matérias de filosofia, sociologia e humanas sejam ministradas, mesmo que "en passant", no ensino médio, em alguma cadeira tipo "Educação Moral e Cívica" ou "Organização Social e Política Brasileira" - hoje estas matérias estão sob o nome de "Cidadania, Moral e Ética". Que propicie um embasamento e despertar de aptidões para quem, no futuro, queira dar continuidade no ensino superior, daí por conta própria e não mais subvencionado pelo Estado. Talvez da aptidão, da escolha voluntária, apareçam os nossos filósofos, sociólogos, antropólogos e pensadores.

Quais os proeminentes filósofos, sociólogos, antropologistas, humanistas, brasileiros e contemporâneos que saíram de nossas faculdades? Quais a nível internacional? Um ou outro, mesmo assim questionáveis. Vale manter estas faculdades de "Pelados no Baile" para tão pífio ou inexistente resultado? Tenho a Filosofia como a mestra das mestras e dela são derivadas todas aos outras ciências exatas e humanas. Mas a vilipendiamos, a tornamos vulgar, banal e, até mesmo, desnecessária. Quem sabe agora, com o corte de verbas para estas faculdades não seja a hora do "choque" e de rever todo este conceito e preconceito?

Que do ensino médio, com cursos profissionalizantes no currículo oficial ou paralelo, saiam já contratados e trabalhando os alunos com melhores desempenhos. Sou a favor de que o jovem trabalhe a partir de 14 anos, iniciando com 4 horas e passando para 6 horas a partir dos 17 até 21 anos, se estiver estudando em faculdade. E por aí vai....

Retirar 30 % das verbas universitárias para investir no ensino básico é uma acertada decisão, principalmente por retirar das humanas esta verba. Entendi que as áreas científicas não serão afetadas.

Todos vimos as fotos dos "pelados das humanas" nas faculdades. Agressão e atentado ao pudor, é só chamar a polícia. Se não chamaram é porque a reitoria esta conivente. Não será dessa trupe que sairão filósofos, sociólogos e humanistas. O governo está certo em retirar os subsídios dessas faculdades e empregá-los no ensino fundamental e nas de ciências exatas, ampliando as pesquisas e serviços acadêmicos prestados à sociedade.

Filosofia é justamente o que nos falta, só que as faculdades não a levam a sério. Essa minoria está prejudicando a maioria, faculdades pichadas, pessoal pelado, digamos que seja só 10%. Por que os 90% deixam isso acontecer? A reitoria não dá conta de moralizar? Por isso, acho que o governo vai ter que tomar a rédea e destinar as verbas para setores que levem mais a sério os estudos acadêmicos e possam trazer melhor e mais rápido retorno à economia. E quem quiser fazer filosofia, sociologia e matérias correlatas, que faça em educandário particular. Ou que apresente uma boa tese para ser subvencionado pelo governo. Esta é uma humilde opinião de observador que, de vez em quando, tem coceira na ponta dos dedos e se poem a digitar...

Grato pela paciência e pelas possíveis criticas e comentários.

Armand de Saint Igarapery - Textos originais em página do Face e no Recanto das Letras. Visitem.