SOMOS SERES HUMANOS OU SELVAGENS?

Há poucos dias celebramos o dia do índio no Brasil. Essa data especial deveria ser bastante singular em nossa nação, pois se hoje estamos aqui muito se deveu a cultura indígena. Podemos verificar que muitas de nossas expressões linguísticas são igualmente oriundas da língua nativa e nos remetem ao índio, como tupi-guarani, peteca abacaxi, açaí, Maceió, Ipanema arapuca, carioca, etc. Essas denominações hoje são comuns e são partes indissociáveis de nossa cultura. Por outro lado outros poderiam dizer que se o dia do índio já sobreveio, porque falar sobre isso depois da data de comemoração? Bem, nós brasileiros, diante de algumas situações, temos uma atitude um pouco modista, isto é, comemoramos algo especial somente na exata oportunidade: natal, páscoa, ano novo, dia das mães, dia dos pais, dia do livro. E não percebemos que certos dias memorativos são apenas festejos comerciais, que são datas bastante divulgadas para que o comércio “esquente” a suas vendas e possam colher lucros vultosos. Mas acreditamos que o dia dos pais, das mães ou dos índios não devem ser apenas vinte e quatro horas no ano, pois são personagens da vida real de grande relevância em toda nossa história.

De outro modo gostaria também de lembrar que assim como o índio representa uma diversidade cultural, muitos de nós temos equivocada aversão ou intolerância ao que é divergente, ao diferente. Talvez em certos momentos fomos formados para um olhar fechado e desagregador. Na concepção de que tudo que não é igual a nós se torna diverso, incompreensível e antagônico ao que pensamos e vivemos. Isso nos parece uma ideia de tamanha pequenez! Como podemos viver em um mundo, em um país tão miscigenado e ainda assim expressarmos intolerância à diversidade? Não será incomum dizer que muitas das crueldades humanas se iniciaram no mundo e se transformaram em guerras bélicas justamente pela carência de humanidade e de incompreensão do outro. Ao passo que o ideal seria entender que nem todos pensam e agem com igualdade; que cor da pele, compleição física, traços genéticos são riqueza e não devem ser motivo de exclusão ou destruição. Ainda sim é possível observar em regiões brasileiras índios vivendo como mendigos em grandes metrópoles; cidadãos jogados nas calçadas sem o mínimo de dignidade. Afinal nenhum ser humano deveria estar nas ruas pedindo esmolas. E também não é novidade atrocidades de homens queimando outros homens vivos enquanto dormiam em via pública, apenas por maldade e por antipatia ao diferente.

Nesse entendimento podemos dizer que todos nós brasileiros também somos índios, somos negros e somos brancos. Somos ricos, somos pobres, somos doutores ou apenas trabalhadores em busca do pão de cada dia. Mas nem por tantas diferenças deixamos de ser humanos. Cada um de nós tem vida, coração, sentimentos, ambições, tristezas e alegrias. Somos distintos, sem dúvida que sim! Temos pontos de vistas e crenças que se divergem, mas em hipótese alguma haverá o direito de maltratar e de menosprezar o outro. Nem o nada, nem o tudo nos fazem melhores ou piores. Infelizmente uma grande parte de nós ainda não “caiu em si” e não percebeu que para ser um humano não basta estar no mundo, é preciso agir como um! É imprescindível ter e desenvolver consigo o que chamamos de HUMANIDADE! Ostentar o tão nobre título de “ser humano” na atualidade cada dia mais nos parece ser para poucos.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 29/04/2019
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