TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

A libertação integral da pessoa é o objetivo perseguido pela teologia da libertação. Não, porém em abstrato, mas em concreto, centrando-se nas pessoas oprimidas, marginalizadas pelo sistema. O pobre não é entendido individualmente e isolado da coletividade. Ele é visto como membro de uma cultura não respeitada, de uma raça discriminada, de uma classe social explorada e posteriormente a teologia da libertação incorporou o sexismo como componente fundamental da pobreza estrutural. A libertação destas situações requer uma opção radical pelos pobres e sofredores, marginalizados e excluídos da sociedade elitizada e branca.

A opção por esses marginalizados não pode ser entendida como um ato de caridade individual dos ricos para com os pobres nem como um ato assistencial que sacia a fome hoje e a mantém amanhã. A opção pelos pobres e marginalizados tem uma significação mais radical e exige que o mundo dos pobres esteja na sua cultura e nos seus valores, compartilhe a sua vida, as suas esperanças e os seus sentimentos, identifique os mecanismos geradores da pobreza, desmascare as suas raízes, assuma a sua causa como própria, integra e participa ativamente das suas lutas libertadoras.

Há críticas severas à Teologia da libertação por parte de alas conservadoras e elitizadas, dizendo que ela tem uma concepção reducionista da libertação. Diz-se que limita ao âmbito imanente, intra-histórico, político e estrutural e descuida da sua vertente da transcendência, sobrenatural, estrutural e pessoal. O que não é verdade, pois ela tenta superar tanto o monismo quanto o dualismo antropológico e defende uma concepção unitária e integral da libertação que contempla cuidadosamente em três níveis de significação, considerados complementares e não excludentes.

O primeiro nível mostra as aspirações das classes sociais e os povos oprimidos. A libertação tenta canalizar as aspirações das classes sociais e povos oprimidos e acentua o aspecto conflitante do processo econômico, social e político que os opõe às classes opressoras e aos povos opulentos.

No segundo nível ela defende que a história é concebida como um processo de libertação do ser humano que consiste no desdobramento de todas a suas potencialidades e dimensões, através de uma pedagogia gradual, gerando nele uma consciência transitiva, crítica e transformadora, impedindo a reprodução das atitudes opressoras que busca a libertação do oprimido.

O terceiro nível enfatiza a ação libertadora, raiz última de toda ruptura de amizade, de toda injustiça e opressão, e torna livre o ser humano para viver em comunhão com Deus e em fraternidade com toda a humanidade. Não se trata de três processos que caminhem paralelamente ou se sucedam cronologicamente, é processo único e complexo com diferentes movimentos mutuamente implicados.

É isso aí!

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/02/2019
Código do texto: T6577393
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