UM SIMPLES ATO DE VALOR

A liberdade nos traz como entendimento a condição daquele que é livre, capaz de agir por si mesmo. De certo que é a expressão genuína da essência humana. É para alguns, sinônimo de autodeterminação, independência, autonomia. Podemos inferir que na época presente, desde o primeiro sopro de vida, todos nascemos livres, ainda que não tenhamos inicialmente essa consciência. É claro que a experiência em família estruturada é ponto chave na transmissão de valores sociais de convivência, educação, respeito e disciplina. No aperfeiçoamento como ser humano e cidadão é mister propagarmos as virtudes que nos são demonstradas no seio familiar. No entanto percebemos com o passar do tempo que não temos essa tal liberdade plena, mas uma autonomia pautada na convivência social, de modo que não podemos ultrapassar limites que se esbarrem no direito dos outros, daqueles que estão próximos, por exemplo. George Bernard Shaw, romancista irlandês, certa vez afirmou que “liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela”.

Para Aristóteles, “é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é, pois, concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada”. A partir dessa premissa abarcamos que ter autodeterminação é ter autoconsciência para agir ou deixar de agir conforme a circunstância e consequência de um juízo a ser concluído. Uma boa parte das pessoas mesmo quando se desenvolve em uma sociedade que propaga o livre-arbítrio, embasado na adequada estima social, ainda assim pode ferir regras sociais. E quando isso ocorre se torna um problema grave. Por conseguinte, o grupo investido de dever, fundamentado nas leis penais, busca penitenciar o transgressor para servir de lição e de exemplo a quem não cumpra os preceitos comuns. Aquele de igual modo se trouxer consigo o mínimo de sanidade, somente terá a nata visão do valor de liberdade quando se vir tolhido pelas autoridades policiais e judiciais ou quando se notar julgado pelas pessoas como alguém que não serve para viver em meio à comunidade.

Nessa hora o violador já se encontra “celado”, aprisionado, encarcerado. Ele já não tem mais a alvorada à sua disposição para abrir a janela e sentir o aroma da manhã em seu quarto iluminado. Não possui à sua disposição a companhia dos seus para repartir momentos de alegria e tempos de vitória. O julgado fora condenado e agora perdeu tudo que a natureza lhe oferecia de bom. – como o sorriso e o desenvolvimento dos filhos. Ainda assim perdeu a oportunidade de contribuir para a transformação do mundo em algo melhor. E quando conjeturamos a respeito, é bom que saibamos valorizar a toda oportunidade de livre-arbítrio no direito de ir, vir e permanecer, porque às vezes um simples ato arruína toda uma história. Compreender os valores sociais, a verdadeira face do respeito, a transparente ideia da hora de falar ou ouvir, fazer ou não fazer é algo que merece contemplação. A corda é bamba e pode render um futuro próspero, todavia também pode valer quatro paredes e uma janela sombria e implacável para apenas lamentar e soluçar o tempo perdido, a hora desperdiçada, os segundos que poderiam salvar a eterna liberdade.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 06/01/2019
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