Justiça “cega”...

Justiça na sociedade moderna é ainda súplica, mantra, prece e poesia para todos os dias, de sol a sol, quando a rima pode até ser pobre, mas é livre, com origens em terras batidas e rasas, onde vagaram e ainda vagam descalços, pés calejados de nossos ancestrais de todos quadrantes do Mundão de nosso Deus.

Seus ideais ecoam, resistem e permanecem vivos, mesmo sabendo de várias luas passadas e sofridas, doídas, tristes e, apesar de não ter sido na prática para muitos deles, ela, Justiça “cega”, porquanto não diferencia uns dos outros, chegará ainda que tarde para seus descendentes, que devem saber honrá-los mantendo viva sua identidade, no seu sangue e em sua memória todas jornadas até aqui percorridas.

Saibamos, já muito distante, bem lá detrás no tempo, os nossos escavaram com mãos nuas chãos em horizontes não alcançados pelas vistas para neles plantarem com amor e dor as esperanças todas como sementes para uma sociedade menos, mas muito menos injusta para com os mais humildes e necessitados, expropriados em seus direitos básicos já sacramentados em pedra há mais de 2000 anos.

Esses bilhões de excluídos, invisíveis e esquecidos nos campos e nas metrópoles nela, Justiça “cega”, ainda creem e sofrem, são nossos irmãos sem nenhuma distinção de credo, raça ou cor.

Justiça “cega” é sim súplica, mantra, prece e poesia para todos os dias, de sol a sol.

Paulo Afonso de Barros