O João é de Deus e as Marias são de quem?

Travestir-se de capas piedosas não é coisa nova para charlatões

A história é repleta desta velha novidade de vilões, ladrões, fanfarrões

Abusar da fé alheia, sem ter na pele ou na veia o tino que incendeia

É abusar do genuíno ser que pelo crer jamais pensa que alguém o saqueia

Mas Deus, não o do João e sim O Deus vivo e real

É por quem o ama de verdade apesar da vida desleal

Apesar das mazelas, trelas por elas sempre reféns

Há de ver brilhar o sol de dignidade de muitos tantos bens

Quantos desalentos, lentos, bentos, aos ventos fizeram-se vítimas?

Tantos quantos, prantos, prontos mantos fossem de crenças legítimas

Ah! Os Joões, estes sem corações, que em vão, vão e vêm serão perdoados?

O Deus, não os seus, mas sim o que pelo amor morreu com sangue e suor jorrados

Este sim pode perdoar até um mísero ser como o João

Este enfim, o João, é digno de pena grande, não pequena, mas plena, que lhe prenda a mão

As Marias, ah! Quantas não foram usurpadas, usadas, perpassadas?

Estas mesmas Marias, de noite e de dia, frias, vazias, todas elas molestadas

Mas nada fica impune, imune imundo, ou esquecido em meio a dor

Nada, nem a falta de respeito, pleito, jeito, feito a quem queria amar e mais amor.

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 17/12/2018
Reeditado em 02/01/2019
Código do texto: T6529652
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