Anônimo

“A paixão aumenta em função dos obstáculos que lhe opõem.”

Me entrego por inteira a essa afirmação e declaro publicamente uma nova lei sentimental.

O coração está devidamente proibido de pulsar por anônimos, com pena mínima de status bobos por anos de loucuras sãs.

Mesmo que seja um encaixe perfeito, uma simetria inseparável dos polegares, mesmo que todos os músculos do corpo beijem a face da retração;

não manteremos um vínculo por menor número de tempo possível, porque nossas preocupações e medos nos policiam do contrário, mesmo dizendo “não” meus pensamentos incitam-me a uma briga primordial de desejos.

Mesmo sabendo verdades mentirosas e intrigantes, lutar contra algo causado por vínculos virtuais é morosamente vil.

Por isso, nele não vi descrições convincentes, cada frase dita produzia em mim um ser artificial e neutro, mesmo expressando seus sentimentos mais profanos e tímidos, não via uma defesa viável.

Não queria dele apenas as palavras surreais que me mantinha viva, aspirei pela aparência que a mim foi privada de conhecer.

Mas como toda máquina morre pela própria sobrecarga ou falta da mesma, ele faleceu dentro de mim, fugiu pelos meus dedos e intenções de permanecer ali, ali do outro lado da tela esperando por letras singelas e más.

Teresina, Piauí.

21.11.18

Marta Santana
Enviado por Marta Santana em 28/11/2018
Reeditado em 25/03/2024
Código do texto: T6513855
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