TELEFONICA COMPRA A TIM E FAZ MONOPÓLIO

Um dia, após chance única de se fazer dinheiro, alguém muito poderoso que já não está mais vivo para contar a verdadeira história, resolveu vender um monte de empresas de telefonia do Brasil, na verdade, uma em cada estado e transforma-las na maior venda em varejo da história das estatais. Tal operação foi iniciada no Governo Collor e somente foi posta em prática através de Sergio Motta no Governo FHC.

Naquela época, o grande “boom” das empresas telefônicas, eram as linhas comutadas, residenciais e comerciais e no meio desta guerra, uma gigante chamada Embratel, era quem regia a orquestra de “teles” sob a batuta do Ministro das Telecomunicações que por sua vez era comandado pelo Presidente da República.

Em alguns lugares do Brasil uma linha fixa chegou a custar a preço de hoje, algo por volta de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e o mercado era tão carente desta comunicação que havia centenas de grandes empresas que lucravam absurdos com o aluguel das linhas.

Os telefones celulares eram artigos de luxo e estava chegando e se instalando timidamente. Quem tinha por sorte possuir um daqueles “tijolões” como o PT500 da Motorola, que custava quase U$ 1.000,00 (mil dólares), com uma linha analógica, era considerado magnata, afinal de contas, o sujeito pagava caro para e muito caro para receber uma ligação de alguém.

Para um país conhecidamente vaidoso, cheio de pessoas que pensam primeiro na ostentação para depois na condição verdadeira de “ter”, já era sabido de que aquele negocio de telefones sem fio a distância daria certo, alem do mais, os visionários estrangeiros ficaram aqui anos estudando a possibilidade de exploração deste serviço ao mesmo tempo em que “fofocavam” com os poderosos recém saídos de uma ditadura para que eles abrissem o mercado para os novos ventos europeus e estadunidenses.

Eis que finalmente o martelo foi batido em meio a um tumulto dos diabos e acusações de roubo, furto e corrupção, mas as “teles” estaduais foram vendidas. Com isso, uma série de novos nomes, códigos e mais mudanças, mas o brasileiro com certeza se acostumaria com tudo isso pois a ordem aqui, desde a saída dos militares era “mudança”. Tudo que fosse novo era bem visto pelos olhos de um amontoado de ignorantes, que volto a registrar, adora viver de aparência.

Mas e o governo? O Governo Federal abarrotou os cofres de dinheiro e arrotava ter vendido o maior problema da nova república democrática brasileira.

Naquela época, final da década de 80 do século passado (parece uma eternidade escrevendo assim), os estados perderam suas “teles” para Telemar, Brasil Telecom (que também comprou a Embratel), Telefônica e outras menores, mas faltava a divisão especial que cuidaria da telefonia móvel, ou celulares da Banda A.

Cada estado, primariamente criou (nem todos, mas a maioria) a sua Tele Alguma coisa e a proposta era de que NÃO HAVERIA MONOPÓLIO, principalmente para (em tese) impedir a invasão de capital estrangeiro neste nicho prometido aos brasileiros; mas não foi isso que ocorreu. As teles estaduais que dirigiriam as operadoras celulares foram sendo vendidas, negociadas, surrupiadas, fechadas e as grandes mundiais aportavam em plena luz do dia em território exclusivamente prometido para nossas empresas.

Alguns consórcios se formaram para entrarem em conjunto com empresas daqui e disfarçadamente aprontarem o ataque final de tomada do mercado e logo em seguida as empresas começariam a trocar de donos e comandos, revelando finalmente o que teria sido planejado há muitos anos atrás, ou seja, estava tudo saindo conforme orquestrado e a primeira empresa européia (espanhola) a mostrar suas garras foi a Telefônica, que se instalou em São Paulo, comandando o maior e melhor mercado e trazendo cada vez mais executivos vorazes que abocanharia muitas outras.

No nordeste (Bahia e Segipe) a Maxitel comandou a primeira operação da Banda B e foi uma das mães do celular pré-pago. Ela também atuava em Minas Gerais e logo deu espaço a TIM Brasil, que já era dividida em Tim Sul e outras TIMs, mas que no fundo, era tudo Telecom Itália Móbile.

Algumas pequenas resistiram como Telemig Celular que foi alvo de milhares de especulações, roubos e desvios; CBTC que ainda opera em parte de Minas, Goiás e São Paulo e que dizem as más línguas que também pertence a Brasil Telecom , a Americel do Norte do país e sem muita agressividade (pertence a Claro hoje) e finalmente, a guerreira SERCOMTEL que pertence a Prefeitura de Londrina no Paraná.

Na dança das mudanças dos nomes e remanejamento das regiões brasileiras surgiram outras siglas que também em breve sumirão para dar lugar a "mãe" de todas, e dona do pedaço, mas isso é um outro assunto, para uma outra crônica.

Vivo, Claro, TIM, Amazônia Celular (Telemig Celular), Brasil Telecom e OI refizeram o mapa dos grandes negócios da telefonia móvel do Brasil e enxugaram de vez qualquer possibilidade de uma empresa genuinamente brasileira morder parte deste bolo.

Hoje, chega-nos a notícia, pelo Consultor Jurídico, ligado ao Estadão, de que a Telefônica comprou a Telecom Italia Mobile e agora o grupo espanhol que manda no Brasil já é dono de marcas como VIVO, TIM, Telemig Celular e Amazônia Celular. A Amazônia Celular, dona da Telemig Celular, foi a ultima a sucumbir as investidas dos espanhóis. Eles foram comprados pela Vivo há pelo menos um ano, mas somente há dias atrás, divulgado pela imprensa.

O negócio com a mineira e a amazônica já teria sido concretizado desde 2006, fevereiro para ser mais exato, mas alguns executivos comerciais da Telemig Celular negavam tudo e diziam que eram meras especulações, aliás, a Telemig Celular mudava de presidente e comando, como os ricos trocam de roupas; hora era o Opportunity com o bonachão Daniel Dantas quem mandava, hora eram os acionistas, hora não era ninguém e o fato é que a empresa pujante e ao que parece, sólida, estava entregue as moscas e cometendo atrocidades mercadológicas como o esquecimento da carteira de clientes de contas e campanhas néscias para aquisições de novos clientes pré-pagos.

Eu mesmo acompanhei parte destas ações e vi no mercado de cartões de recarga, que é um grande nicho de dinheiro, ser banalizado através de mudanças quase que diárias, fruto de alucinações copiadas de outras companhias. Cada presidente novo da empresa mineira trocava os executivos comerciais que por sua vez, mudavam as metas e critérios da firma e quem sempre pagou caro com tudo isso foi o cliente que até hoje resiste a marca, aliás, este será o grande desafio dos novos donos da Telemig Celular e Amazônia Celular, mudar a direção e os conceitos da empresa para atrair novos clientes. Talvez a marca VIVO, que está sendo esperada pelos mineiros e nortistas clientes da Amazônia Celular, consiga atrair novamente os milhares de clientes que migraram seus planos para outras operadoras como a valente Claro, mas isso também é uma outra história...

Em muito breve o Brasil terá a Telefônica da Espanha que comandará as linhas fixas e parte dos celulares de São Paulo e contará em seu pool representativo outras tantas empresas que operam de Norte a Sul, Leste a Oeste, todas com seus problemas graves e milhares de ações na justiça; terá a Oi que concentra a "ex" Telemar e abocanha também grande parte do Brasil e a Claro (BCP S/A) que é o grande expoente comercial da atualidade e uma vontade enorme de expandir seus limites. A Brasil Telecom que penetra no Centro-Oeste e Sul do Brasil, embora tímida em ações comerciais, também possui trunfos nas mangas pois é detentora de linhas fixas e esteve na vanguarda das comunicações de voz sobre IP, VOIP.

Restará então saber qual destas comprará, se é que já não estão vendidas da mesma forma que foi a Telemig Celular, a Sercomtel e CBTC. Apenas a título de curiosidade, os funcionários da Telemig Celular e Amazônia Celular já utilizam o código 014 para ligações interurbanas e aconselham seus clientes que o façam também (tudo isso disfarçadamente e se perguntarem, eles negam). O “014” pertence a CBTC que atua como operadora ponte para tais ligações no Brasil e que é, outro mercado milionário.

No resumo desta opereta medíocre que envolve milhares de milhões de dólares está a Anatel, que raramente faz alguma coisa de útil para os usuários e terá que descascar mais este abacaxi tamanho família na homologação desta mais nova aquisição da Telefônica.

Pelo visto, nesta dança de cadeiras e mercados, a Telefônica que está investindo uma fortuna incalculável na compra destas empresas que operam no Brasil e no exterior, ou quer se consolidar como a maior de todas e mandar no nosso mercado, ou quer comprar o Brasil.

Preciso informar aos leitores que todas as "teles" são concessionárias públicas e desta forma, devem obrigações públicas como lisura em seus atos e o povo pode e deve arguir sobre este e outros temas.

Mas restou a pergunta que não quer calar: Afinal de contas, isso é ou não é monopólio? Veremos o diz que o governo nos próximos dias...

Texto e arte: Carlos Henrique Mascarenhas Pires

WWW.IRREGULAR.COM.BR