DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - ZUMBI DOS
PALMARES 

 
     Apesar de ser o sustentáculo da economia agroexportadora do açúcar, ser o “instrumento de trabalho” do engenho, ser status de poder para os brancos, representar capital e propriedade, os negros tinham contra si mesmo todas as leis, castigos, preconceitos, comiam a feijoada com as pernas, e pés dos porcos, andavam quase seminus, dormiam no chão na esteira... E segundo André João Antonil:
                                 
        No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários três pês: a saber, pau, pão e pano. Quisera Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir, como muitas vezes é o castigo, (...). “Fazem mais caso de um cavalo do que de meia dúzia de escravos”. (MACEDO, 1996, p. 103)  
       
         Todavia, o negro não ficou dócil á escravização como nos fala a historia oficial, lutou com unhas e dentes pela sua liberdade e igualdade social, ora com abortos, suicídios, assassinato de feitores e de seus senhores, com fugas e fundação de “quilombos” que foi o símbolo da resistência negra a escravidão:
 
        O quilombo mais famoso do continente americano localizava-se no interior do atual estado de Alagoas. Era o Quilombo dos Palmares, com mais de 360 quilômetros. Possuía inúmeros vilarejos e uma capital, a cidade de Macuco com 1500 casas. Em 20 de novembro1695, ao ser destruído por tropas militares de Pernambuco e pelos bandeirantes paulistas, Palmares contava com aproximadamente 30.000 (trinta mil) habitantes. (MACEDO, 1996, p. 100-101)         
         
         A sociedade inteira dos senhores aos padres, a igreja, além dos políticos e todas as leis estavam contra os escravos. A única alternativa que lhes restou foi á fuga para os quilombos. Como hoje verificamos as leis contra o povo e a maneira de sobreviver é burlando esses decretos injustos. O chamado “jeitinho brasileiro”. Talvez aprendessem isso com os nossos negros escravizados que com muita coragem e ousadia fundaram em plenas terras brasileiras, a sua república de liberdade e igualdade liderada por Zumbi dos Palmares, o REI DE PALMARES.

           E o latifúndio perdurou
         E o negro nele trabalhou
         Foi embora para a cidade
         Vender quitute e acarajé.
         Passando muita necessidade         
         Morando em favela qualquer...
         Pois na realidade a “Abolição”
         Foi para o negro a deserdação:
 
        
Foi no trabalho substituído
         E pela Lei Áurea subtraído
         Sem dó, sem pejo e sem coração...
         Do pano, da casa e do seu pão! 
         Mesmo sendo os “pés e as mãos”
         Do progresso desta nação!
         Por mais de três séculos
         Foram mantidos na escravidão!
         E sendo depois deserdados
         Sem nenhuma indenização!
 

         Hoje é pelo o racismo marcado,
         Na prisão vive todo amontoado,
         Olha a nossa policia assustado,
         Viaja num transporte apertado,
         Morando no gueto de favelado,
         E vive sem “direitos” de Estado!

     
  Se desamarre das correntes da opressão
        E siga os passos do eterno rei Zumbi...
        Que criou um oásis dentro da escravidão
        E fez o sol da nossa liberdade ressurgir!
        Fez uma reforma agraria em nossa nação
        Contra a vontade dos poderosos daqui! 


       Vivemos em meio a tanto bandeirante
       Que assassinamos a qualquer Zumbi...
       Basta gritar aquele grito retumbante?
       Que aparecem os Domingos contra ti!
       Falar em liberdade para o semelhante?
       Fere a Constituição da Republica tupi!



DO LIVRO: A SAGA DE ZUMBI DOS PALMARES NO BRASIL CONTRRA O TRONCO O CHICOTE E O FUZIL. Do poeta BIRCK JUNIOR   
 
Birck Junior
Enviado por Birck Junior em 20/11/2018
Código do texto: T6507048
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